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Berzoini, das Comunicações, vai ser a próxima estrela do PT a cair com a Lava Jato

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Hermano Leitão

O Tribunal de Justiça de São Paulo deve julgar em fevereiro recurso interposto pelo Ministério Público do Estado de São Paulo para obrigar a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo – Bancoop a reparar os danos causados a milhares de mutuários que adquiriram imóveis e foram ludibriados.

Ou, nas palavras do desembargador Luiz Ambra: “Após julgar dezenas de casos da Bancoop, constato que, sob o falso rótulo de regime cooperativo, lançou dezenas de empreendimentos imobiliários, com promessa de entregar milhares de unidades autônomas, expressiva parte dela não cumprida, lesando uma multidão de adquirentes”.

As implicações desse julgamento arrastarão o ministro das Comunicações Ricardo Berzoini ao olho do furacão da Lava Jato, em razão de ele ser o elo que faltava para o desmonte de toda a cadeia entre o Partido dos Trabalhadores – PT, a OAS, Lula e a Bancoop.

A ponta do iceberg vem do TJ, pois ao julgar a apelação com revisão n° 0328361-42.2009.8.0000, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, aplicando a denominada teoria menor da desconsideração, autorizou a desconsideração da personalidade jurídica da Bancoop, com a responsabilização pessoal de todos os dirigentes que passaram por sua diretoria, com poderes de administração, a serem individuados em execução coletiva ou individual. Berzoini, assim, vira alvo e responderá pessoalmente às demandas contra a Bancoop à frente.

Triunvirato – Para entender o desenrolar do novelo, vale a cronologia: Ricardo Jose Ribeiro Berzoini era o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo quando a Bancoop foi fundada por ele em 1996; quando era ministro da Previdência Social do Brasil, 2003 – 2004, ministro do Trabalho e Emprego do Brasil 2004 – 2005, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, 2005 – 2006, coordenador-geral da campanha à reeleição de Lula e presidente do PT em 2006 e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores 2 de janeiro de 2007 – 2010.

João Vaccari Neto atuou como diretor financeiro (2002 e 2004) e presidente (2004-2010) da Bancoop.

Nesse período também, Lula informou à Justiça Eleitoral ter pago à Bancoop R$ 47.695,38 pelo tríplex 164 A ao disputar a reeleição em 2006.

Subiu de patamar aí o triunvirato Lula-Vaccari-Berzoini, para uso de imóveis para pagamento de propina, lavagem de dinheiro e criação de empresas offshore e para transferência de imóveis em acerto com a Bancoop e a OAS.

Não por acaso, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, por meio de assembleia realizada em 14 de julho de 2012, promoveu a transferência da execução das obras do empreendimento “Condomínio Residencial Casa Verde” à construtora OAS Empreendimentos nesse viés de triangulação.

Eu, tu, ela – Em dezembro de 2013, o Edifício Solaris, onde fica o tríplex 164 A da família Lula da Silva na Praia das Astúrias, no Guarujá, ficou pronto por obra (construiu e reformou) também da OAS. Nessa época, a mulher de Vaccari, Giselda Rousie de Lima, declarou à Receita Federal também ser proprietária de um apartamento no condomínio Solaris entre 2007 e 2013. Por seu turno, Marice Correa de Lima, cunhada de Vaccari, que comprou a unidade 44 A da OAS por R$ 200 mil, depois o devolveu à construtora OAS e recebeu R$ 430 mil. Por fim, a OAS revendeu a um terceiro por R$ 337 mil.

Marice disse ao MP ter dado R$ 95 mil à ex-diretora da Bancoop, Ana Maria Érnica (diretora financeira da Bancoop desde 2005), e tomado R$ 30 mil da cooperativa habitacional. A conta não fecha, e essa unidade 44 A agora no papel pertence a Sueli Falsoni Cavalcante, empregada da OAS.

Já a unidade 133 A é de propriedade de Freud Godoy, antigo segurança, um dos aloprados, homem de confiança e assessor especial do ex-presidente Lula. Por sua parte, Nelci Warken, ex-funcionária da área de marketing da Bancoop e dona de uma empresa de panfletagem, se diz proprietária do triplex vizinho ao de Lula, e foi presa na 22ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Triplo X, mas se trata de esquema de ocultação patrimonial e lavagem do dinheiro desviado da corrupção na Petrobrás, que envolve a empreiteira OAS, a Cooperativa Habitacional do Sindicato dos Bancários (Bancoop) e o PT.

E aí voltam à cena Ana Maria Érnica e Ivone Maria da Silva, diretora técnica da Bancoop, diretora do Sindicato dos Bancários, e diretora da Concaf (Confederação Sindical do Ramo Financeiro, ligada à CUT). Elas não só constam como doadoras da campanha de Ricardo Berzoini, mas, também, teriam participado da triangulação entre caixa 2 do PT através da gráfica Atitude (A gráfica tem como “donos” o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Bancários de São Paulo), Bancoop e OAS, e, ainda, elas, ao lado de João Vaccari Neto, são processadas por movimentação financeira criminosa de recursos da Bancoop no Processo n. 0017872-34.2007.8.26.0050, da 5a Vara Criminal de São Paulo, em fase final em Primeira Instância – na fase do art. 402 do CPP.

Nessa trama, o personagem oculto Ricardo Berzoini, padrinho e compadre de Vaccari, será responsabilizado na próxima fase da Lava Jato em desdobramento das relações da OAS e da Bancoop na Petrobrás, bem como vão implicar Berzoini na relação dele com Ana Maria Érnica e Ivone Maria da Silva as transferências bancárias da Setal Óleo e Gás de R$ 2,6 milhões à gráfica Atitude entre 2010 e 2013.

Nesse funil, a eventual delação de Renato Duque poderá apimentar também a verdadeira relação Lula-Vaccari-Berzoini, em virtude de contratos milionários assinados com a diretoria de Serviços da Petrobras, referentes a obras das refinarias Repar, em Araucária (PR) e Replan, em Paulínia (SP).

O mistério do Czar Berzoini será revelado como personagem do ano da Lava Jato. And the Oscar goes to…

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