A coligação ‘A Força do Trabalho’, da Paraíba, que tem o governador Ricardo Coutinho (PSB) como candidato à reeleição, protocolou na Polícia Federal pedido de abertura de investigação de um suposto esquema de compra de prefeitos paraibanos com objetivo eleitoreiro.
Em entrevista coletiva realizada na Associação Paraibana de Imprensa, em João Pessoa, o coordenador de comunicação da campanha de Ricardo Coutinho, Célio Alves, e os advogados da coligação, Fábio Rocha, Celso Fernandes e Francisco Ferreira, afirmaram que na denúncia encaminhada à Polícia Federal foi anexada uma gravação “que prova um esquema avassalador de compra de prefeitos”.
Na ‘notícia crime’ são acusados o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), candidato a governador, o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo Marcelo (PEN), candidato à reeleição e o prefeito de Caiçara, Cícero Francisco da Silva (PSB).
“A coligação recebeu essa informação por intermédio de lideranças políticas, por prefeitos do interior. O que vivenciamos nos últimos dias foi um esquema avassalador de compra de prefeitos (…) Está se cooptando lideranças políticas por cifras de 200, 300, nesse caso, 600 mil reais”, afirmou o advogado Celso Fernandes.
Segundo ele, a informação foi obtida através de uma gravação entre o jornalista e secretário executivo de Pesca do Estado, Sales Dantas, e o prefeito de Caiçara, Cícero Francisco. Conforme contou, sem saber que estava sendo gravado, o prefeito revelou o suposto esquema de compra de lideranças políticas em favor dos candidatos acusados na denúncia.
A conversa foi gravada por Sales Dantas, que, segundo o advogado, se passou por uma pessoa da coligação ‘A Vontade do Povo’, que tem Cássio Cunha Lima como candidato ao governo. Sales teria se identificado como Waldo Tomé, jornalista e assessor do senador do PSDB.
“O jornalista Sales Dantas, se passando por interposta pessoa da coligação adversária, fez o papel de intercambiar essa compra, que nós já sabíamos que já estava sendo feita. O dinheiro está caindo na conta de laranjas”, acusou.
Minutos após a coletiva, a assessoria jurídica do deputado Ricardo Marcelo rebateu as acusações e disse que o parlamentar ficou indignado com a postura do jornalista Célio Alves, que coordenou a entrevista coletiva na API.
O presidente Ricardo Marcelo ficou extremamente surpreso com essas assertivas feitas por Célio Alves. Ele fez declarações sem prova, sem consistência e criando factoides. Externou precipitadamente um caso que seria de análise da Polícia Federal”, afirma em nota.
Ainda segundo os advogados, o presidente da Assembleia Legislativa vai adotar “todas as providências criminais e cíveis cabíveis, bem como representar junto À OAB os advogados que participaram da coletiva, uma vez que seu nome foi citado indevidamente, sem qualquer indício de provas num procedimento teratológico” (termo utilizado para definir uma decisão absurda, que contraria a lógica, o bom senso e – em certos casos – a moralidade).
A nota conclui que Ricardo Marcelo “construiu sua vida pública, em mais de uma década, sem nenhuma mácula judicial. E assim continuará sua vitoriosa caminhada”.
Quanto a Sales Dantas, que seria o autor da suposta gravação com com o prefeito de Caiçara, a assessoria de Ricardo Marcelo disse que ele deve responder na Polícia Federal. “Aí não será com o presidente”.
O irmão do candidato Cássio Cunha Lima, Ronaldo Cunha Lima Filho, recorreu ao Twitter para manifestar a posição dele sobre o caso.
Em três postagens seguidas, o vice-prefeito de Campina Grande disse: “O desespero e o desatino tomaram conta dos adversários.
A pretexto de denunciar um crime inexistente, terminaram eles por cometer o crime. Não bastasse a perseguição aos servidores públicos, o governo passou a perseguir, coagir e a intimidar os prefeitos. Agora gravam tudo. Gravam os prefeitos de forma criminosa e simulam a prática de crimes que eles é que vêm cometendo. Nunca vi nada igual. Perderam a razão (sic)”.