O vereador Bira (PT) defendeu que a política deve estar acima de qualquer conveniência e criticou o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), em pronunciamento na Câmara Municipal de João Pessoa. O discurso do petista foi embasado no rompimento da aliança entre o PSDB e o PSB na Paraíba, oficializado nesta segunda-feira (24), após reunião da executiva estadual do PSDB e da recomendação de que seus filiados que ocupam funções no Governo Estadual (PSB) entreguem os cargos.
“Acho que qualquer cidadão que deseja militar na política deve ter alguns princípios. Desde o início de minha militância, desde o momento em que vislumbrei disputar algum cargo na CMJP, comecei a ver alguns pontos. Um deles é que a política deve estar acima de qualquer conveniência. Isso eu carrego até hoje. O que estou percebendo acontecer na política paraibana faz ver que esse princípio está sendo invertido”, argumentou Bira.
O vereador deixou claro que desde a semana passada faz reflexões acerca dos acontecimentos políticos na Paraíba e citou algumas de suas conclusões. Segundo ele, algumas delas já tinham se consolidado desde 2012 até agora, e outras fizeram-se presentes do último fim de semana até agora. A partir disso, o petista enumerou alguns fatos políticos que envolvem o governador da Paraíba em função dos anos eleitorais.
“Em 2002, Ricardo Coutinho rompeu com o PT e se filiou ao PSB para disputar a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP). Esse passo foi importante, inclusive, para que ele pudesse trilhar a carreira que segue até hoje. Em 2004, nós do PSB fomos convencidos de que a força política estaria no nosso partido e ganhamos a eleição”, lembrou Bira.
De acordo com o parlamentar, pouco depois, em 2010, aconteceu o contrário. “Aquilo que Ricardo Coutinho disse em campanhas, em 2004 e em 2006, deu-se de forma diferente. O grupo do ex-governador José Maranhão (PMDB) acabou sendo o mais odiado por Ricardo. A partir daí, houve outras alianças estratégicas para viabilizar a candidatura de Ricardo Coutinho ao Governo do Estado”, citou o vereador.
De acordo com Bira, em 2012, a Paraíba teve o que mencionou como outro passo para trás. “O governador tentou impor em João Pessoa que a candidatura da atual chefe de gabinete do governador do Estado, Estelizabel Bezerra, à Prefeitura teria mais força do que a de Luciano Agra”, frisou.
Bira ainda falou que todos já sabiam dos prazos de validade com relação às alianças que levaram o governador ao poder. “Agora teremos um Ricardo Coutinho em 2014 desdizendo o que disse em 2010. Teremos uma pessoa se aliando a quem antes criticou. Teremos um governador mais humilde do que o que tivemos em outras disputas? É importante que a população da Paraíba esteja atenta a esses passos e que possamos observar quem sempre apostou numa proposta diferenciada para o Estado”, alertou.
Além disso, Bira se pronunciou a respeito de uma atitude do governador da Paraíba a qual jugou desrespeitosa e pediu mais diálogo com as categorias trabalhistas. “Ricardo Coutinho foi a Campina Grande, antecipando campanha, e afrontou a memória do ex-governador do Estado, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), ao citá-lo em menção desrespeitosa quando se pronunciou sobre o papel do ex-governador na política paraibana. A falta de debate e a intolerância têm sido as marcas deste Governo Estadual. Vejo categorias como a dos professores, dos policiais militares e dezenas de outras que não são atendidas no Palácio da Redenção. É preciso dar uma basta nessa realidade”, apelou.
“Esse projeto que Ricardo diz defender tem um único motivo: benefício próprio. Esse projeto é abstrato, de perpetuação e encastelamento de poder. Foi assim que ele fez em 2004, em 2008 e em 2010. Creio que essa postura dele, de uma forma egoísta de se fazer política, será colocada em xeque nas eleições deste ano”, disse Bruno Farias (PPS).
“Ricardo perdeu uma bancada de deputados, mesmo assim, ele ganhou uma eleição. Pode acontecer isso de novo”, defendeu Renato Martins (PSB).
“O governador falou que não havia motivo algum para esse distanciamento do PSDB e do PSB. Nesses três anos de gestão, nunca vi Ricardo Coutinho mencionar em momento algum a contribuição de Cássio Cunha Lima. Quando o governador critica Cássio e José Maranhão, isso quer dizer que ninguém fez nada por este Estado?”, indagou Marco Antônio (PPS).
“Quem deixou no caminho só amigos foi Ricardo Coutinho. Luciano Agra já sofreu com a traição em outro momento. Amigo do governador foi demitido por telefone. E ele está querendo promover uma campanha enganosa de que já tem 140 prefeitos. A Justiça Eleitoral tem que ver isso, pois é uma campanha antecipada. O poeta Ronaldo Cunha Lima deve ter ganhado com, no máximo, quatro prefeitos aliados no Estado. Quem vota é a população, não são apenas os prefeitos”, afirmou Raíssa Lacerda (PSD).
“Já sabíamos que esse casamento tinha tempo para começar e finalizar. Esperamos que o PT mostre o avanço que está dando no Governo Federal e no município, passando a tomar conta de nosso Estado”, revelou Sérgio da SAC (PSL).
Haryson Alves