O Rio de Janeiro continua lindo, mas a corrupção está fazendo a temperatura política passar dos 40 graus. Nesta sexta, 11, uma nova operação saiu à caça de corruptos. Entre eles o secretário de Educação Pedro Fernandes, que foi preso mas ficou em casa por estar com Covid. Á a Operação Catarata, que também visa Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, o mais novo amigo de mesa do presidente Jair Bolsonaro.
Fernandes recebeu o mandado de prisão no condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade. No entanto, como testou positivo para o novo coronavírus, ele apresentou o resultado do exame para os oficiais do Ministério Público e aos policiais civis que foram cumprir o mandado e, por isso, ficará em prisão domiciliar.
Fernandes é investigado por suspeita de receber propina em contratos da Fundação Leão XIII, órgão público subordinado ao governo estadual, assinados entre 2015 a 2018. O órgão foi formalmente subordinado a Fernandes em 2017, no governo de Luiz Fernando Pezão, quando ele era secretário da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social.
Fernandes é suspeito de receber cerca de 20% dos valores dos contratos firmados pela fundação para serviços como cirurgias de catarata, exames de vista e doação de óculos. Os valores desviados chegam a R$ 17 milhões.
De acordo com a investigação, o secretário era chamado de “chefe” pelos integrantes do esquema e seria um dos beneficiários dos recursos desviados.
Em nota, a assessoria do secretário afirmou que ele nega todas as acusações e ficou “indignado com a ordem de prisão”. O advogado dele vinha pedindo acesso ao processo desde o final de julho, mas disse ainda não ter conseguido.
“A defesa colocou Pedro à disposição das autoridades para esclarecimentos na oportunidade. No entanto, Pedro nunca foi ouvido e só soube pela imprensa de que estava sendo investigado por algo que ainda não tem certeza do que é. Pedro confia que tudo será esclarecido o mais rápido possível e a inocência dele provada.”
Além de Fernandes, a ex-deputada federal Cristiane Brasil, que é pré-candidata à prefeitura do Rio pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), também é alvo da operação. Cristiane é filha do ex-deputado federal Roberto Jefferson.
A assessoria de imprensa de Cristiane informou que ela se apresentará para a polícia. Em nota, a assessoria afirmou também que a investigação no Rio de Janeiro trata de “denúncias sem fundamento” feitas em 2012 contra a ex-deputada.
“Tiveram oito anos para investigar essa denúncia sem fundamento, feita em 2012 contra mim, e não fizeram pois não quiseram. Mas aparecem agora que sou pré-candidata a prefeita numa tentativa clara de me perseguir politicamente, a mim e ao meu pai”, disse a assessoria.
“Em menos de uma semana, Eduardo Paes, Crivella e eu viramos alvos. Basta um pingo de racionalidade para se ver que a busca contra mim é desproporcional. Isso deve ter dedo da candidata Martha Rocha, do Cowitzel [sic] e do André Ceciliano. Vingança e política não são papel do Ministério Público nem da Polícia Civil”, completou, em referência ao governador afastado e ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Cristiane já foi alvo de uma operação da Polícia Federal, em junho de 2018, quando ainda era deputada federal.