O coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro, o terceiro homem na hierarquia da Polícia Militar, foi preso na manhã desta segunda-feira (15) em uma operação contra uma quadrilha de policiais acusados de corrupção. Fontenelle comandava o Centro de Operações Especiais da PM carioca.
Além dele, foram presos também o major Carlos Alexandre de Jesus Lucas, subcomandante do COE, e outros 20 PMs e outras duas pessoas estão foragidas. Estão subordinados ao COE o Bope (Batalhão de Operações Especiais), o GAM (Grupamento Aeromarítimo) e o Batalhão de Choque.
Eles são suspeitos de participar de um esquema de cobrança de propina de comerciantes, mototaxistas, motoristas e cooperativas de vans, além de empresas transportadoras de cargas na área do 14º Batalhão, em Bangu, na zona oeste da capital fluminense.
Segundo o Ministério Público do Rio, entre os PMs suspeitos de envolvimento na quadrilha –havia 25 mandados de prisão–, havia seis oficiais que integravam o 14° Batalhão: o coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira e o ex-subcomandante major Carlos Alexandre de Jesus Lucas, os majores Nilton João dos Prazeres Neto (chefe da 3ª Seção) e Edson Alexandre Pinto de Góes (coordenador de Operações), além dos capitães Rodrigo Leitão da Silva (chefe da 1ª Seção) e Walter Colchone Netto (chefe do Serviço Reservado). Também são acusados de integrar a quadrilha 18 praças e um civil. Procurada, a Polícia Militar informou que não se pronunciará sobre o caso.
Ainda de acordo com o MP, entre 2012 e o segundo semestre de 2013, os acusados e mais 80 pessoas, entre os quais policiais do 14° Batalhão, da 34ª DP (Bangu), da DRCPIM (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial), além de PMs reformados, participavam de um esquema de exigência de propinas que variavam entre R$ 30 e R$ 2.600 e seriam cobradas diária, semanal ou mensalmente.
Em troca, a atuação de mototaxistas, motoristas de vans e kombis não autorizados, o transporte de cargas em situação irregular ou a venda de produtos piratas no comércio popular de Bangu não era reprimida. Ainda não há informações sobre a estrutura da quadrilha e as funções de cada policial no esquema.
De acordo com a denúncia, “o 14° BPM foi transformado em um verdadeiro ‘balcão de negócios’, numa verdadeira ‘sociedade empresária S/A’, em que os ‘lucros’ eram provenientes de arrecadação de propinas por parte de diversas equipes policiais responsáveis pelo policiamento ostensivo”.
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP trabalha juntamente com a Secretaria de Segurança Pública e a Corregedoria-Geral da PM em vários pontos do Rio. A denúncia foi encaminhada pelo Gaeco à 1ª Vara Criminal de Bangu, que expediu também 43 mandados de busca e apreensão.
Os acusados responderão na 1ª Vara Criminal de Bangu pelo crime de associação criminosa armada, que não consta do Código Penal Militar. A pena é de dois a seis anos de prisão. Os integrantes da quadrilha também serão responsabilizados pelo Ministério Público pelos diversos crimes de concussão, que serão apurados pela Auditoria de Justiça Militar estadual.