Conluio, tapetão, vendilhões. Esses e outros predicados fazem parte do arsenal verbal de Reynaldo Barros. Engenheiro eletricista, ele direciona a artilharia pesada contra a Comissão Eleitoral Federal (CEF) do Conselho de Engenharia e Agronomia (Confea).
Barros é uma das vítimas do presidente licenciado do Confea José Tadeu da Silva, que disputa a reeleição. Na última sexta-feira, 17, seu recurso para disputar a presidência do Crea-RJ foi indeferido. Assim, ele está impedido de participar do pleito.
Como Notibras vem denunciando, José Tadeu usou de sua influência no Confea para tentar retirar do seu caminho adversários que disputariam a direção dos conselhos federal e regionais. A engenharia montada por ele se consumou até agora, graças a orientação maquiavélica de seus advogados aos integrantes do CEF.
Aos sessenta anos de idade, Reynaldo Barros já viu muita coisa nesta vida. Mas agora está sentindo na pele o jogo sujo da política. Ainda assim, tem muito fôlego para emparedar José Tadeu.
“Esse conluio tem ele como cabeça e alguns vendilhões conselheiros do Confea que fazem tudo que o Tadeu mandar em troca das gordas diárias que recebem”, denuncia.
Benesses como a indicada por Reynaldo Barros abocanham uma parcela considerável do orçamento do Confea. Segundo as planilhas da entidade, para o ano de 2014 despesas com diárias, passagens, hotéis e alimentação vão passar dos vinte e três milhões de reais. Mais assustador é quando se compara com o valor gasto em 2013: cerca de 15 milhões de reais.
Impedido, o candidato ao Crea do Rio de Janeiro foi atingido pelas regras casuísticas impostas pelo CEF porque, segundo justificativa dos conselheiros, teria feito campanha antecipada.
Mas sua versão dos fatos é diferente: “Foi publicado no jornal de uma faculdade feito por alunos de comunicação que eu era pré-candidato ao Crea-RJ e tinha alguns projetos para a Instituição. E uma empresa publicou em seu face que eu seria candidato e que tinha o apoio dela”, descreveu.
Essa impugnação é no mínimo bizarra. Isso porque não havia no regulamento para as eleições do Confea nada que afirmasse que campanha antecipada estava proibida. “O que efetivamente não ocorreu, na medida em que não tive nenhuma ingerência sobre as matérias”, deixa claro Reynaldo Barros.
Levando ao nível da legislação eleitoral que rege a nossa política convencional, campanha antecipada não gera impugnação, e sim, uma penalidade financeira. Mas os conselheiros manipulados por José Tadeu entendem diferente.
Caso consiga reverter sua situação na Justiça Federal, Reynaldo Barros promete intensificar a campanha e denunciar as manobras. Antes disso, porém, mais de vinte entidades representantes da categoria divulgará uma carta de repúdio às impugnações.
No manifesto, a que Notibras teve acesso com exclusividade, eles criticam a decisão do CEF e dizem que o julgamento ocorreu no apagar das luzes gerando mais desconfianças.
Leia a íntegra do texto:
NOTA DE REPÚDIO – PELA ÉTICA E TRANSPARÊNCIA NAS ELEIÇÕES DO SISTEMA CONFEA/CREA
A conquista do voto direto e universal dos profissionais do Sistema,para eleger seus dirigentes vem da luta das entidades profissionais no processo de redemocratização do país. Após superarmos o período ditatorial, aprofundarmos o movimento associativista e alcançarmos a autonomia de nossa organização e regulamentação profissional surpreendemo-nos ainda com grupos e bandos que se apropriam das estruturas organizacionais de nosso sistema profissional para, a qualquer custo, se manterem em seus espaços de poder e mando, ao arrepio da lei.
A Reunião Plenária do Confea realizada às escuras da madrugada do último sábado, fato estranho ao bom senso, arbitraria e contraditoriamente, impugnou a quase totalidade dos candidatos a presidência dos Regionais, as diretorias das caixas de assistência dos Estados e aos demais candidatos a presidência do Confea, à exceção do seu presidente licenciado, José Tadeu, que concorre à reeleição.
Não por coincidência, o comportamento ditatorial revela ainda que a direção das deliberações que aconteceram madrugada adentro, com contradições e fragilidades legais, iam na direção de eliminar todos os adversários do presidente licenciado no pleito federal e dos aliados destes nos pleitos regionais, em geral, contradizendo também os pareceres dos relatores.
No nosso Estado, o grupo apoiado por José Tadeu, representado por seu candidato à presidência do Crea-RJ, Arciley Pinheiro e pelo atual mandatário do Conselho, Agostinho Guerreiro, também se autodeclara a única opção de voto em suas comunicações oficiais, emitidas minutos após o término da referida Sessão Plenária.
Ora, não vivemos a luta democrática para assistirmos calados este tipo de comportamento impositivo e truculento em nosso sistema e em nossas instituições.
Por isso, a ENTIDADE PROFISSIONAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO vem REPUDIAR veementemente essa tentativa de cerceamento da livre e democrática escolha dos profissionais nessas eleições e conclamar a Justiça Federal que ampare e restaure a democracia em nosso sistema profissional.
ABENC, AEANF, AENFER, AERO, AGEA, AFEA, ANFEA, AMEGA, APEA, APENARQUI, APG, ASAERLA, ASSEA, ASSEAR, IEL, IBEC, SEANI, SENGE/RJ, SINTEC/RJ, SINTAGRI/RJ, SBMET, SOBES-RIO, ABBEE.
Elton Santos