O risco de surto de sarampo é o mais alto dos últimos 30 anos. O alerta é da Organização Pan-Americana da Saúde (Opasl. A organização pede que autoridades sanitárias retomem a cobertura vacinal infantil e atualizem os planos de resposta para evitar a volta da transmissão endêmica do vírus. De acordo com o documento, os surtos mais significativos ocorreram no Brasil, onde a circulação endêmica continua.
Segundo Ana Caetano, presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, o continente americano havia ficado livre do sarampo em 2016. Entretanto, com a baixa cobertura vacinal, essa realidade voltou.
“O que aconteceu é que, nos últimos anos, houve uma redução muito grande nessa cobertura vacinal. Então, para se ter uma ideia, no último ano, o Brasil teve uma redução de 50% na cobertura vacinal. Isso fez com que novos casos, vindos de outros países, começassem a entrar nos países da América, não só no Brasil, mas na Argentina, no Chile.”
De acordo com o Programa Nacional de Imunizações, até 2015, o percentual de brasileiros protegidos pelas vacinas atingia as metas de público-alvo. Entretanto, com o retrocesso da imunização, a porcentagem voltou aos níveis da década de 1980.
Entre 2018 e 2021, 26 crianças menores de 5 anos foram vítimas da doença. Nas duas décadas anteriores, apenas um óbito havia sido registrado.
Ana Caetano explica que o sarampo é um vírus altamente contagioso e que o esclarecimento da população é um aliado para o enfrentamento da doença. “Explicar e informar a população, corretamente, que a vacina é necessária para evitar que a gente tenha um surto de sarampo no Brasil. E a doença vem exatamente disso, desses países onde aparecem movimentos anti-vacina e, principalmente, as fake news com relação às vacinas.”
No final de janeiro, o Ministério da Saúde anunciou a campanha de multivacinação contra poliomielite e sarampo nas escolas, que deve ocorrer a partir do mês de maio.