Rita era mulher das liberdades, dessas que desassossegam qualquer ambiente. E não pense você que ela fazia tipo, pois era da sua natureza ser tão carnal. Por conta disso, não raro, ruborizava até mesmo aquelas pessoas que mais a conheciam.
De tão convincente era Rita, que quase ninguém duvidava do que dizia. Contida para não levantar suspeitas, ela era ria do furor que provocava. Tanto é que até a Jurema, amiga de longa data, ficava boquiaberta diante das situações.
— Mulher, se assossega!
— Ué, por que eu faria isso?
— Rita, o povo não para de comentar.
— Pois deixe que fale. A fofoca é um direito de todos. Está até na Constituição.
— Sério? Até na Constituição?
— Sei lá! Mas se não tiver, bem que poderia estar.
Pois não é que a Jurema estava ao lado quando a Rita provocou mais um pequeno reboliço? E foi justamente no encontro de oito anos de formatura da turma de Serviço Social, bem ali no bar de sempre na Asa Norte.
Enquanto os antigos colegas se divertiam com lembranças dos tempos de faculdade, eis que adentrou no recinto um belo rapaz de lá seus 30 anos. Impossível não notar aquele deus grego, quando, então, a Rita mencionou.
— Ah, esse gato na minha cama!
— Rita, mas você não é casada?
— E daí, Solange? Não é porque estou de dieta que não posso olhar o cardápio.
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*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.