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Robério cola no Buriti, subestima Filippelli e ironiza virtual expulsão

Foi com sarcástica ironia – característica que costuma associar à sua conhecida prepotência – que o deputado distrital Robério Negreiros (PMDB) reagiu na segunda-feira 12 à disposição do ex-vice-governador Tadeu Filippelli de mover uma ação na Comissão de Ética para expulsá-lo da legenda.

– Expulsão? (Risos). Creio que ele (Filippelli) precisa de elementos para tanto, declarou Robério Negreiros a Notibras, via whatsapp.

Ao longo da entrevista, o deputado foi incoerente, ao dizer que pode ocupar cargos no governo de Rodrigo Rollemberg, desde que não faça em nome do PMDB. Ficaram dúvidas. No caso de compor com o governo socialista, ele pede licença? Se desliga? E o mandato, fica com quem?

Robério não só subestimou o poder de Filippelli, presidente regional da legenda, como minimizou a importância dos seus interlocutores nas conversas que manteve no Palácio do Buriti com integrantes do novo governo.

– Não procurei ninguém. Me chamaram para conversar. Não pedi nada. Me ofereceram e não aceitei.  Conversar faz parte do jogo democrático.

O deputado disse estar ausente de Brasília, descansando com a família em uma região onde o sinal de celular é deficiente. E lavou as mãos sobre as conversas com a equipe de Rollemberg, ao atribuir toda responsabilidade de eventuais composições ao seu colega Wellington Luiz.

Na conversa, ele fez lembrar o velho Robério que desliza como se banhado por vaselina. Foi assim em outras oportunidades, ao preparar dossiês contra os também deputados Agaciel Maia (PTC) e Chico Vigilante (PT), de quem esperava apoio, por pressão pouco republicana, para chegar à presidência da Câmara Legislativa.

Leia a seguir trechos da entrevista.

1. O que motivou o sr. a procurar o Palácio do Buriti?
– O governo atual tem demonstrado interesse em conversar com os parlamentares do PMDB-DF.

2. O PMDB foi informado das suas articulações?
– Não fiz articulação usando o nome do partido. Apenas (foram) conversas envolvendo os três parlamentares.

3. A que o sr. credita a acusação de que estaria mais preocupado com os negócios da família?
– Desconheço qualquer frase nesse sentido, pois nem no governo anterior misturei assuntos políticos com outros assuntos. (Os assuntos em questão são econômico-financeiros. Desiludido e surpreso com a aproximação do seu pupilo com o Buriti, Filippelli viu nesse gesto suposta tentativa de defender interesses da família, que comanda o Grupo Brasfort).

4. Além de cargos no BRB e na Terracap, o sr. espera ser contemplado com administrações regionais?
– Não há tratativas nesse sentido. Inclusive abri mão de indicar administradores. (Dando a entender que vai apoiar o Buriti apenas pelo sucesso da administração do seu ex-adversário, o que contraria toda lógica do modelo político).

5. As conversas com o Buriti envolvem as comissões da Câmara?
– As comissões são assuntos internos dos 24 parlamentares. A independência do Poder Legislativo nos faz conversar com a nova Mesa Diretora.

6. O sr. teme, em sendo expulso, enfrentar processo para devolver o mandato?
– Desconheço qualquer frase nesse sentido (repetindo a resposta integral da pergunta 3, quando iniciou o tiroteio com o ex-vice-governador Filippelli).

7. Além de Hélio Doyle (chefe da Casa Civil) com quem o sr. andou conversando?
– Foram apenas conversas com  integrantes do governo, inclusive com  o governador atual.

8. O sr. nega que propôs apoio em troca de cargos?
– Nunca tratei de cargos com o novo governo.

9. O sr. falou (nas vezes em que esteve no Buriti este ano) em nome do PMDB, do Cristiano Araújo (PTB) e Dr. Michel (PP)?
– Nosso partido deliberou que os deputados podem demonstrar independência e até integrar o governo, desde que não utilizem o nome do partido. Saiu uma matéria distorcida em que eu falava do partido. Isso é um equívoco. Nunca tratei de cargos. Não sou líder do novo bloco. O líder constituído é o deputado Wellington Luiz (PMDB).

10. O sr. pretende honrar eventuais acordos com o Buriti, ou será como palavras que o vento leva?
– Minha vida política e privada sempre foi pautada em honrar compromissos. Sou político de palavra.

11. O fato de ter ido ao Buriti está associado à derrota do seu grupo na disputa pela Mesa da Câmara?
– Não. Me chamaram para uma conversa com os demais deputados do bloco, porque vivemos numa democracia. A nova política exige respeito e compromissos com o Distrito Federal.

12. O sr. esteve com Tadeu Filippelli este ano?
– Não. Ele viajou após o ano-novo.

13. Em síntese. O sr. descrê de um processo de expulsão do partido?
– Não há motivos regimentais para qualquer processo disciplinar. Afinal, sempre fui partidário e no momento não será diferente. Ninguém deve ir na onda de processo interno, porque isso não existe.

Felipe Meirelles – participou José Seabra

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