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Robson Achiamé, anarquista e fanático pelo Botafogo

Conheci o Robson Achiamé em 2004 através da mãe da minha filha mais velha. Eu, com o original do meu primeiro romance em mãos, “Despido de ilusões”; ele, dono da editora Achiamé e incansável divulgador da cultura libertária. Gostei de cara do sujeito, cuja voz rouca e arrastada me fez lembrar a do ator José Lewgoy.

— Edu, eu conheço o Lewgoy. É um cara muito interessante e com ótimas ideias.

Além do Lewgoy, que eu já era fã desde que assisti à chanchada “Matar ou correr”, onde ele fazia o vilão Jesse Gordon, percebi que o Robson era um alucinado torcedor do Botafogo. Mais um motivo para a nossa amizade vingar, seja no sofrimento, seja nos momentos de parcas alegrias.

Foi na sede da editora, na Tijuca, que conheci o diagramador e faz tudo José Carlos, o Zé, magro que nem palito. Como o próprio Robson gostava de dizer, prefiro que você, leitora ou leitor, tenha ideia do que era o companheiro de trabalho dele.

— Edu, esse é o Zé, meu braço-direito, meu braço esquerdo, minhas pernas e todo o resto do corpo.

Durante a revisão do texto de “Despido de ilusões”, tive o prazer de conhecer um pouco mais sobre o Zé, assim como trocar ideias com o Robson. Aprendi algumas coisas em relação à edição de livros, da luta que é para divulgar uma publicação, dos entraves que o ofício apresenta. No entanto, a despeito de todos esses percalços, um me incomodava demais. É que não queria que meu livro saísse com erros gramaticais.

Enquanto o Zé trabalhava com os olhos voltados para o meu original sobre a mesa, o Robson me chamou para tomarmos um café, que, por sinal, estava delicioso.

— Muito bom! Você que fez?

— Não. Meu café é horrível. O Zé é que sabe fazer.

Entre um gole e outro, o Robson pousou carinhosamente sua mão sobre meu ombro e começou a falar algo que, até hoje, reconforta meu coração.

— Edu, se o Zé ficasse ali trabalhando sobre o seu livro durante dez anos, ainda assim sairia com algum erro.

— Robson, mas vai chegar uma hora que não vai ter mais erros.

— Não. Há uma premissa que nunca falha, meu amigo escritor.

— E qual é?

— Não se descabele por conta das falhas. Todos os textos possuem artimanhas que, quando impressos, fazem com que os erros saltem aos olhos.

*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.

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