Denise Luna, Roberta Jansen e Renata Okumura
A Polícia Militar informou que houve um novo tiroteio na Rocinha por volta das 13 horas deste sábado, 23, na região da mata onde traficantes ligados ao líder Rogério 157 estariam escondidos. Os tiros aconteceram no mesmo momento em que as autoridades de segurança do Estado davam uma entrevista coletiva.
Um dia depois do cerco feito por 950 homens das Forças Armadas à Rocinha, cinco suspeitos já haviam sido presos e 16 fuzis apreendidos em operações policiais na madrugada deste sábado. Ao menos três pessoas morreram.
Entre os presos está o traficante Luiz Alberto Santos de Moura, conhecido como Bob do Caju, acusado de ter planejado a invasão da Rocinha no último domingo. Foi detido por policiais civis na Ilha do Governador, na Zona Norte, onde estava escondido. Outros quatro suspeitos, supostamente ligados ao bando de Antonio Bonfim Lopes , o Nem, foram presos pela Polícia do Exército, após tiroteio. Eles haviam sequestrado um táxi e o motorista.
“O criminoso (Bob) foi preso e não reagiu, ele portava uma pistola, e as armas (dez fuzis apreendidos no Caju, em outra ação) ostentavam o símbolo do traficante Bob (desenho O mundo de Bob) para serem facilmente emprestados e depois devolvidos”, disse o delegado Maurício Mendonça. Ele comandou a operação responsável pela prisão de Moura no Caju na Ilha do Governador.
O grupo invasor seguiria, segundo a Polícia, ordens de Nem, que, do presídio federal de Rondônia, comandou a invasão da Rocinha, acusam policiais.
O objetivo do ataque era tomar a chefia do tráfico de drogas na favela de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que assumiu o poder depois da prisão de Nem. Embora pertençam ao mesmo grupo criminoso, a facção criminosa Amigo dos Amigos (ADA), Nem e Rogério estão agora em grupos rivais. A quadrilha ligada a Rogério estaria na parte alta da favela, escondida na mata.
De acordo com o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, não há informações sobre uma possível nova invasão na Rocinha. Durante toda a manhã foram feitas buscas nas matas do alto da comunidade, onde traficantes estariam escondidos. “Com o contingente que temos lá, hoje mantemos a situação estável”, afirmou. “Vamos continuar buscando (criminosos) na mata.”
Sá negou que tenham sido expedidos mandados coletivos de busca e apreensão para serem cumpridos na favela. Esses instrumentos permitem que quarteirões inteiros sejam vasculhados pela Polícia, sem endereços especificamente determinados, e são criticados por advogados e defensores de direitos humanos.
Eles afirmam que esse tipo de documento, de acordo com a lei, deve ter destino específico, para evitar excessos. O secretário, porém, não descartou a adoção da medida. “A peça está sendo avaliada, mas não foi entregue até o momento, o balanço que faço é que foi um trabalho muito bom em conjunto com as Forças Armadas”, disse.
O secretário fez um apelo aos moradores da favela: “A comunidade é que detém essa oportunidade de contribuir para que esse trabalho se perpetue no tempo. Eles [os moradores] são as pessoas que podem nos ajudar a limpar por um longo tempo a comunidade.” Não há prazo para a retirada das tropas.
“Se eu pudesse fazer um pedido? Moradores da Rocinha, denunciem!”, afirmou ele. “Com a chegada das Forças Armadas para fazer o cerco, liberamos patrulhinhas para aumentar a proteção nos bairros no entorno”, revelou. “O fato é que esse território (Rocinha) é altamente lucrativo, mas nesse momento o local está lotado de segurança, não devem tentar de novo.”
O comandante da 1ª Divisão do Exército, general Mauro Sinott, explicou ter sido inevitável fazer um controle mais forte na comunidade da Rocinha na sexta, mas que a partir deste sábado a população já estaria liberada para se locomover normalmente.