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Itapuama

Roda de Coco e Bumba Praieiro soam eternos

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José Seabra - Foto Nemo Guzmán

São Lourenço da Mata fica na Região Metropolitana do Recife. Para quem não sabe, é a cidade-sede da Arena Pernambuco, erguida para receber jogos da Copa do Mundo de 2014, em que o Brasil amargou uma derrota de 7 a 1 para a Alemanha. Futebol à parte, o município é um celeiro de gente que mantém vivas as tradições culturais nordestinas. A Roda de Coco e o Bumba Praieiro são apenas dois exemplos.

Na quarta, 1º de maio, Anderson e seu grupo de artistas ambulantes deslocou-se para a praia de Itapuama. É uma curta viagem de carro, com pouco mais de uma hora de duração. Na programação oficial, uma apresentação ao cair da tarde na paradisíaca praia. Depois, o resto da noite seria deles. E foi o que fizeram. Ocuparam duas mesas no Bamboo, restaurante do uruguaio Nemo Guzmán, e espontaneamente tocaram para um seleto grupo de clientes especiais.

No grupo de músicos comandados por Anderson e sua Kalimba (um minúsculo piano de mão), que se apresenta em troca de um sorriso, havia produtor de bebidas artesanais, como Felipe e sua flauta Bico de Pássaro; a rainha do pandeiro, Josi; e um violinista e seu instrumento rústico, feito com a delicadeza dos próprios dedos. Ele se faz anônimo como as estrelas que brilham no céu, mas, pela maestria com que faz soar os sons, pode ocupar o espaço reservado ao Spalla de qualquer orquestra.

É nessa vastidão de cores e ritmos que compõem o Nordeste brasileiro, que suas manifestações culturais se destacam como verdadeiros tesouros do folclore regional: o Boi Praieiro e a Roda de Coco. Ambas carregam séculos de tradição, transmitidos de geração em geração, e encantam não só os nordestinos, mas também quem tem a oportunidade de testemunhar sua magia.

O Boi Praieiro é uma celebração que mescla elementos da cultura africana, indígena e portuguesa. Suas origens remontam ao período colonial, quando escravos trazidos da África desembarcaram com seus folguedos, mesclando tudo com as dos povos nativos e dos colonizadores. A festa acontece principalmente durante o período junino, mas suas raízes estão fincadas profundamente na alma nordestina durante todo o ano.

Essa manifestação é marcada por uma encenação teatral, que conta a história do boi, desde o nascimento até sua morte e ressurreição. Os personagens são diversos e coloridos, desde o boi em si, representado por uma enorme estrutura adornada com tecidos e enfeites, até os brincantes que o cercam: o fazendeiro, a índia, o vaqueiro, o capitão e muitos outros. A música, os cantos e as danças dão vida à narrativa, levando o público a mergulhar na riqueza cultural do Nordeste.

Já a Roda de Coco é uma expressão mais intimista, mas não menos vibrante. Originária de comunidades rurais, essa manifestação consiste em uma roda de dança, em que os participantes se reúnem ao som de músicas tradicionais e batidas de percussão. A alegria contagiante dos dançarinos, muitas vezes acompanhada pelo som de pandeiros, zabumbas e ganzás, cria uma atmosfera de comunhão e celebração.

Na Roda de Coco, a simplicidade é a essência. Não há enredos elaborados nem figurinos extravagantes; apenas a energia pulsante dos ritmos nordestinos e a alegria de estar junto aos amigos e familiares. É uma celebração da vida, do trabalho árduo e da resiliência de um povo que encontra na dança e na música uma forma de expressar suas alegrias e tristezas, suas lutas e suas conquistas.

Tanto o Boi quanto o Coco são verdadeiros testemunhos da riqueza cultural do Nordeste brasileiro. Eles refletem não apenas a diversidade étnica e a cultura da região, mas também a sua capacidade de se reinventar e se manter viva ao longo dos séculos. São festas que resistem ao tempo e às adversidades, mantendo viva a chama da tradição e da identidade de gente brava, guerreira quando necessário, mas acima de tudo, pacifista.

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