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A manicure e o cabeleireiro

Roda de samba une casal para construir seu futuro

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Graça, manicure de mão-cheia, queria expandir os negócios. Abrir um salão de beleza era o sonho da mulher, que até ganhava bem por conta de tanta pintura caprichada nas unhas das inúmeras clientes, muitas até que se deslocavam do outro lado da cidade para serem atendidas pela afamada profissional. Aliás, manicure e pedicure, pois Graça se destacava entre as melhores.

A garota precisava encontrar um sócio, de preferência que fosse bom com a tesoura para remodelar a cabeça das clientes, enquanto ela dava aquele trato em mãos e pés. Não sobraria cutícula sobre cutícula, tamanha a ligeireza de Graça. Encheriam os alforjes de notas graúdas e, certamente, teriam que abrir filiais por toda a cidade, quiçá pelo DF inteirinho.

Acordou decidida naquela manhã a encontrar alguém que topasse a empreitada. Obviamente que precisava achar uma pessoa com economias. Nem precisava muito, mas o suficiente para bancar o aluguel por alguns meses.

Por conta de um desses fortuitos, Graça foi convidada para um churrasco numa quadra vizinha. E, durante um samba e outro, a mulher parou um pouco para descansar. Sentou-se ao lado do Olavo, que logo puxou conversa.

— Mas, mulher, você tem samba nos pés!

— Obrigada!

— Qual é a sua graça?

— E não é que você adivinhou?

— Como assim?

— Meu nome é Graça.

O casal de última hora caiu na gargalhada, o que poderia ter chamado a atenção de todos na festa. No entanto, apenas Rômulo, que há tempos estava de olho na manicure, percebeu que não seria daquela vez que chegaria na mulher para tentar a sorte. Bobeou, dançou! Fica pra próxima!

Graça e Olavo, que perceberam algumas coisas em comum, engataram um namorico, que logo se transformou em romance. Ele, cabeleireiro talentoso, havia sido demitido do último emprego por um descuido. É que ele atendeu duas clientes morenas, ambas com cabelos encaracolados. A primeira queria ficar loira, enquanto a outra desejou apenas alisar as madeixas. E lá foi o cabeleireiro preparar os produtos.

— Graça, estava tudo certo. O serviço ficaria pronto em menos de duas horas, já contando o tempo da fofoca. Mas eis que aconteceu uma coisa.

— O que houve, meu amor?

— Fiquei tão entretido com a conversa, que acabei alisando a que queria ficar loira, enquanto taquei tinta amarela na outra. Foi o maior bafafá!

— Nossa! Só espero que isso não aconteça quando tivermos o nosso salão.

— Ah, pode ficar tranquila.

— Que bom!

— Isso é raríssimo. Se bem que aconteça sempre.

*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.

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