Tudo começou em uma pequena metalúrgica no Ipiranga, onde atuando como assistente de seu avô, o jovem Rodrigo Edelstein travou seu primeiro contato com aquela que viria ser sua matéria-prima primordial, o aço.
“Quando ele morreu a empresa se transferiu para Cotia e eu me afastei um pouco. Tempos depois, olhando aquele universo, fiquei com vontade de diversificar a produção e assim surgiu a MEJI”, conta o hoje designer autodidata, que explora outros universos criativos.
“Além de novos materiais como o mármore, que surge incorporado às nossas peças de aço, apresentamos tapeçarias inéditas para uso em pisos ou paredes”, como ele afirmou nesta entrevista.
Seu trabalho se liga ao chamado ‘estilo industrial’, atualmente em alta na decoração. De alguma forma isso o influenciou?
Confesso que conheci o estilo ‘industrial’ depois que minhas primeiras peças ficaram prontas. Acredito que, como todos os modismos, em algum momento eles tendem a se perder no tempo ou se adaptarem em outro contexto. O desenho que produzo está mais ligado a traços brutalistas, minimalistas, a características atemporais, além de representar um resgate afetivo, pois surgiu da convivência com meu avô. Muito antes de pensar no desenho, eu já convivia com o material que iria usar. Sempre admirei a forma como as peças eram desenvolvidas na metalúrgica, e isso se liga intrinsecamente ao que faço hoje, já que me agrada atuar no chão de fábrica.
Qual o processo de produção das peças?
O aço chega aqui em Cotia (SP), semiacabado. A partir daí, me envolvo diretamente na produção, do conceito ao acabamento das peças, executando pessoalmente ou com o auxílio da nossa equipe. Esse metal não é um material comum na produção de mobiliário, então ele chega até nós passando por um tratamento bruto, pois está exposto a diferentes processos na metalúrgica como umidade, calor, riscos. Assim como os marceneiros preservam a textura da madeira, eu respeito essa característica natural do aço, mas acrescento o devido carinho quando o temos em mãos. Temos uma assinatura específica, na parte da interna das peças, em ouro 24k. Nosso acabamento segue características de finalizações fabris, ou seja, tem tons de cinza e azul.
Até por ser um material incomum, qual o perfil de seu cliente?
Em geral são pessoas mais jovens, em busca de um móvel menos convencional, mas também tenho clientes que podem ser considerados bem tradicionais. Em muitos casos vejo que minhas peças são utilizadas para criar relações de contraponto nos ambientes, levando um ar, digamos, brutalista a outros contextos. Além disso, como executo a maior parte das minhas peças sob medida, elas acabam tendo um toque de objeto único que atrai bastante. Este ano participo pela primeira vez da feira MADE, e isso me inspirou a expandir meu portfólio. Vou lançar uma linha de móveis corporativos, além de tapeçarias para piso e parede.