Transtorno pós-traumático
Rogério, em meio a pesadelos, deixa Fla e faz do Botafogo sua nova paixão
Publicado
emRogério, morador da Asa Sul, flamenguista muito antes dos áureos tempos de Wright, Zico e cia, andava transtornado desde a goleada sofrida pelo seu time. Pior, tal humilhação fez o homem se lembrar do Manga, famoso goleiro do arquirrival, que não perdia oportunidade de azucrinar o Mengão: “Contra o time da Lagoa, o bicho é certo!”
O homem não acreditava que o Botafogo, pois é, o Botafogo, seria ressuscitado após tanto tempo. Não era possível! E, além das duas vitórias no Brasileirão sobre o Flamengo, ainda por cima se sagrou campeão da Libertadores, jogando apenas com dez, sobre o Atlético Mineiro. Isso sem contar que também levou o Campeonato Brasileiro alguns dias após.
Desacostumado a ser zoado, Rogério preferiu deixar na gaveta a camisa do Mengo. Coisa de alguns dias, mas eis que o destino voltou a traí-lo. É que o gajo começou a ter pesadelos recorrentes com o Botafogo. No entanto, a coisa se tornou tão perturbadora, que ele se via no meio da torcida alvinegra e, pasmem, estava trajado com a camisa do Glorioso.
Rogério acordou com o próprio grito de desespero. Sônia, a esposa, tomou um baita susto.
— O que foi, homem?
O marido, suando em bicas, não dizia palavra.
— Sonhou com o bicho-papão?
O gajo, finalmente, balbuciou:
— Bo-ta-fo-go.
— Botar fogo onde, Rogério?
— Bo-ta-fo-go.
— Ih, pelo visto, ficou mesmo destrambelhado.
Os dias passaram até que, na madrugada de 13 de dezembro, justamente uma sexta-feira, Sônia acordou com um barulho estranho em casa. Tentou cutucar o marido para que ele fosse ver se era ladrão. Que nada! Rogério não estava na cama.
Sorrateiramente, a mulher foi até a sala ver o que o esposo estaria aprontando. Pra quê? Perplexa, não podia acreditar no que estava diante dos seus olhos. Rogério, sonâmbulo, vestido com a camisa do Botafogo, entoava com fervor o hino do alvinegro.
…………………………..