Notibras

Rollemberg pega Abadia, queima Izalci e se queima

Governador promete ovos de ouro à tucana que acredita mandar no ninho. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

Kleber Ferriche

A Califórnia arde. Portugal e Espanha ardem. A Chapada dos Veadeiros arde. A política brasiliense também arde, que é para não perder o vermelho de fundo de tragédias anunciadas. Depois do incêndio nacional provocado por Lula e seus asseclas, o Distrito Federal tem um foco remanescente que pode queimar, no mínimo, seus autores.

A ideia é o PT e o PDT partirem juntos para transformar em cinzas o atual governador Rodrigo Rollemberg. Com o apoio do senador “dia nacional” Cristovam Buarque (ex-UnB, ex-PT e ex-PDT), o engenheiro florestal Joe Valle (PDT/DF), em segundo mandato como deputado distrital, convidou Arlete Sampaio (PT/DF), sem mandato, para ser candidata como vice em um projeto para ocupar o Buriti.

A médica Arlete já ocupou o segundo cargo que mama na loba, mas não foi capaz de apagar muitos focos que ardiam sob seus pés. Até fez papel de desinformada quando tentou proibir que uma empresa privada vendesse material de construção, sob a alegação de que o kit era destinado a promover invasões. Batizou de “kit invasão” o pacote do empresário, mas descobriu que a era bolivariana ainda não havia sido instalada no país. Passou vergonha.

Então a arquitetura é a seguinte: Joe Valle, governador, Arlete Sampaio, vice, o economista e evangélico Wasny de Roure, que jura que não faz parte do bloco de sua crença na Câmara Legislativa, como candidato ao Senado. Érika Kokay (PT/DF), não quer perder a boquinha de deputada federal e será o nome à reeleição.

Querem porque querem atrair aquele que é considerado um dos melhores nomes que deixou o PT e migrou para o partido Rede, Chico Leite, um procurador de Justiça que procurou, procurou, mas não achou nada de bom no natimorto Partido dos Trabalhadores, de acordo com observadores, especialmente sem Lula que carrega a caixa de fósforos. Em um território sem água, é instigante observar um abraço de afogados. PT e PDT são pura ignição e podem provocar novas queimadas. É o que dizem.

Rollemberg atraiu o PSDB de Maria Abadia, uma modesta manobra que pode auxiliar na reconstrução de sua imagem. Não de Abadia, ex-governadora, mas de Rollemberg. O problema é que o deputado federal Izalci Lucas (PSDB/DF), pré-candidato ao governo, divulgou mensagem dizendo que se Maria quer Rodrigo, um governador defenestrado em todas as pesquisas, então que fique com ele, mas sem o partido que o deputado Izalci comanda.

Izalci Lucas confia na sua supremacia sobre a amizade de Maria Abadia com a cúpula do PSDB. Essa disputa partidária local, que tem a digital do investigado Aécio Neves, do prolixo Fernando Henrique Cardoso e do chato José Serra, é um sintoma de que o PSDB no DF não tem comando.

Assim, Joe Valle, o florestal, que está vendo o verde em chamas ao seu redor, terá um papel importante no próximo pleito, além de apagar aquilo que arde: empurrar o próximo governador a uma vitória no primeiro turno.

Não será ele, de acordo com especialistas. E o próximo governador não vem das fileiras políticas tradicionais, porque o eleitor não quer ouvir falar de políticos, mas de bombeiros disciplinados que cumprem sua missão de apagar incêndios que consomem a saúde, a segurança, a educação, a mobilidade, a habitação.

Joe Valle está chamuscado por ser político eleito que não reúne argumentos para dizer a razão de não ter contribuído para melhorar aqueles setores. Sua obrigação institucional seria essa. Caso tenha fundamentos, eles certamente serão divulgados neste canal. É muito bom que a sociedade organizada revele seus movimentos.

É normal em uma democracia que representantes legalmente eleitos, desejem aventuras maiores. A única premissa confiável é a de que o Distrito Federal nunca registrou casos de distribuição de cédulas de reais aos eleitores para compra de votos, prática comum nos demais Estados brasileiros. Menos mal.

Voltando ao assunto, a chapa Joe/Arlete promete um embate com outras frentes menos calóricas, ainda que seja um projeto incendiário, que vai contribuir ainda mais para a possível vitória dos pequenos e médios partidos que vão crescer em março de 2018, com a evasão dos ratos políticos, chancelados assim pelas pesquisas, filiados a grandes partidos que caíram em armadilhas legais na jurisdição policial federal.

O PT no DF, ao que parece, forneceu lenha abundante ao incêndio derradeiro. A fogueira alimentada por Arlete, Wasny, Érika e distritais vermelhos, só produz uma curiosidade: a extensão da queimada, embora enorme, que tem origem supostamente criminosa e que está sendo investigada, corresponde a uma área igual a de um único campo de futebol do tamanho do Mané Garrincha.

Chamem os bombeiros!

Sair da versão mobile