Imagine a seguinte situação: dois pacientes aguardam consulta médica em um centro de pronto atendimento. O primeiro entra e relata ao médico que está sentindo cansaço, dor no corpo, dor de cabeça, tosse, espirros e nariz entupido. Ao fim da consulta, o médico diz que ele tem apenas uma virose e que deve ir para casa descansar e se hidratar bem. Chega a vez do segundo paciente, que relata ao médico estar com mal-estar, cansaço, cólicas, diarreia e vômitos. Novamente o médico diz que é apenas uma virose e que deve ser combatida com repouso e hidratação.
Como pode o médico dar o mesmo diagnóstico e indicar o mesmo tratamento para dois pacientes com sintomas tão diferentes?
Está sendo assim com o Governo do Distrito Federal, hoje intitulado majestosamente “Governo de Brasília”. Talvez essa seja a alternativa encontrada pelo Buriti para separar a capital das mazelas que afligem a população da região metropolitana – as Regiões Administrativas ontem conhecidas por “cidades satélites”.
Desde a chegada de Rodrigo Rollemberg ao governo, o eleitor tinha a expectativa de ter feito uma boa escolha. Puro engano. Tão somente por quase seus mil dias de governo, o governo que saiu das urnas simplesmente manteve uma cantilena interminável de ter recebido uma “herança maldita”. Em consequência manteve a saúde, transporte, educação e outros serviços públicos em péssimas condições. Para piorar, deixou a população – os servidores públicos em especial -, comendo o “pão que o diabo amassou”. E a culpa, insiste Rollemberg, é dos antecessores.
Inúmeras são as situações desde 2015 onde o Governo de Brasília colocou sua população na farmácia de alto custo, deixando a qualidade de vida de um povo na linha limite da falta de respeito da gestão pública. Eleitores e contribuintes esperavam de um governo muito mais do que a mudança de nome de um ente para tentar impingir uma marca.
Apesar da sua cantilena de “herança maldita” – não fosse por ela o atual Governo de Brasília não teria sido eleito -, o Distrito Federal segue a duras penas para manter-se como cidade pretendente de qualidade de vida para sua população. Triste constatação de que – a cada eleição, em Brasília – o progresso é um mito.
Ao fim de uma gestão política de péssima qualidade, o Governo de Brasília – em seus momentos finais – busca oxigenar sua máquina, na expectativa de montar uma estratégia para reeleger um formato de administração pública que deixou muito a desejar para um contribuinte que se encontra extorquido por um governo encalacrado.
É possível mesmo que Rollemberg se reeleja. Porém, será alto o custo para a população que segue seu dia a dia sem atendimento digno na saúde, na mobilidade pública, na segurança, na educação. E sem perspectiva de melhorias.
A pergunta que não quer calar – e o povo quer resposta -, é: qual o legado que o Governo de Brasília deixará para a população?
Umas das maiores frustrações do eleitor, que recebe um tratamento diferente do prometido pelo candidato que levou seu voto nas urnas, é o fato do escolhido solicitar cada vez mais que o povo pague sempre a maior parte da conta; porém, sem nenhum retorno, mas apenas a indigestão de ter recebido um prato de maldades pela sua escolha nefasta.
É ledo engano pensar que as crises política e econômica, local e nacional, estão sendo entendidas pela opinião pública e assimiladas tranquilamente pelo eleitor.
Não existe otimismo em relação ao futuro do DF, quando se olha para uma gestão pública encalacrada como está sendo a do Governo de Brasília. O quadro pode mudar. Basta que o eleitor se conscientize disso e escolha certo da próxima vez. Se errar de novo, os serviços públicos continuarão parados. E a virose das urnas pode provocar dores de cabeça maiores.