Bartô Granja
O Governo de Brasília não vai conceder os reajustes salariais aos servidores públicos acordados na gestão de Agnelo Queiroz. O anúncio foi feito por Rodrigo Rollemberg durante entrevista nesta sexta, 14, no Palácio do Buriti.
A previsão é de um déficit nos cofres públicos de R$ 2,3 bilhões até o fim do ano. Caso fosse concedido o reajuste, as contas ultrapassariam em 49,37% o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, disse Rollemberg.
O governo fez a opção de pagar os salários em dia, em vez de conceder o reajuste, enfatizou o governador. “Embora Brasília esteja em uma situação difícil, [ainda] está entre os melhores [entes] da federação. Estamos pagando os salários e o 13º em dia. Eu tenho certeza que os servidores preferem receber o salário em dia, do que [receber] um aumento que não teremos condições de pagar”, sustentou.
A reação foi imediata. O presidente do Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural, Clayton Avelar, disse, em tom de ameaça, que uma greve geral não está descartada.
– Vários sindicatos aguardavam um encontro com o governador para que houvesse uma negociação sobre os reajustes. Mas o encontro não aconteceu”, desabafou.
Segundo Avelar, “na comissão geral que aconteceu na Câmara Legislativa, nos foi informado que os sindicatos seriam recebidos pelo governador até o dia 16 para saber a posição sobre os reajustes. E em vez de convocar os sindicatos, a notícia foi dada sem nenhuma margem de negociação com as categorias”.
Sem negociação – O governador informou ainda que as tentativas para aumentar a arrecadação não foram eficientes. Os imóveis não foram vendidos e houve a redução de mais de R$ 1 bilhão de repasses da União.
Rollemberg afirmou que o déficit não será repassado para a população. “Mesmo [sem] reajuste há três anos, não faremos uma proposta de reajuste do IPTU. Reajustaremos [o mesmo] apenas de acordo com a inflação, mas não aumentaremos valores”, ressaltou.
Avelar ressaltou a possibilidade de os servidores entrarem em greve. “A sociedade deve estar precavida, porque a possibilidade de greve existe. Nossa categoria deveria ter recebido um reajuste em novembro, chegamos ao mês de outubro e o governo vem anunciar um calote. Nós não aceitaremos isso, lutaremos por nossos direitos. É uma luta em defesa dos serviços públicos”.
Em resposta, Sérgio Sampaio, chefe da Casa Civil, sustentou informou que não haverá negociação por não haver recursos para os reajustes.
“O que estamos anunciando não é algo possível de negociação, é uma realidade. Estamos tentando evitar uma paralisia geral do governo, como está ocorrendo em outros estados”, advertiu.