O governador Rodrigo Rollemberg almoçou nesta quinta 9 com um elevado percentual do PIB brasiliense. Não entrou de sombreiro Noel Almuerzo, oferecido pelos dirigentes e da Associação Comercial do Distrito Federal, mas renovou o ar das esperanças dos compadres empresários que o apoiaram no ano passado na caminhada ao Palácio do Buriti.
O almoço foi oferecido na véspera de o governo socialista de Rollemberg completar 100 dias. Buscou-se gerar um fato positivo, uma vez que a sexta-feira 10 pode não ter motivos para comemorações. Depois de muitos afagos e exaltações ao convidado, não demorou muito para surgirem as lamúrias das bocas dos anfitriões.
– A ‘turma’ anda muito chateada com o governo, governador, advertiu Cleber Pires, presidente da ACDF, sob os sorrisos de aprovação de dirigentes de diferentes entidades corporativas.
A resposta de Rodrigo Rollemberg não se fez esperar. O governador, semblante sereno, disse estar à vontade em meio a tantos ‘cobradores’ e ancorou-se em um provérbio antigo para dizer que é melhor ouvir críticas construtivas a receber elogios mentirosos.
À beira do precipício criado pela crise econômica que tirou o dinheiro de circulação, os empresários fizeram o que já era esperado. Anunciaram sua insatisfação e teceram um rosário de pedidos. O primeiro deles foi o problema da morosidade na liberação dos alvarás e habite-se. Também entrou no novelo a cobrança da revitalização da W-3 Sul.
Outras dificuldades que criam gargalos no setor produtivo e que esbarram na ineficiência do governo para resolvê-las também foram elencadas. Pires – sem que se considere trocadilho, porque a situação é séria -, precisou ser amparado com um copo d’água para recuperar a voz, depois de descrever os problemas do empresariado.
Rollemberg falou por quase uma hora e repetiu tudo que vem sofrendo com a herança de Agnelo. Em nenhum momento usou o marketing ‘maldito’ do ex-governador. Mas não o poupou dos números negativos e das contas que ficaram pendentes.
Mas ao fim do almoço, como o próprio governador havia profetizado, concluiu-se que o encontro foi coroado de êxito, e Rollemberg deixou o ambiente sob aplausos, ao enfatizar que solucionar pendências, a exemplo de alvará e habite-se, é questão de honra para o Palácio do Buriti.
Porém, como nem tudo são flores, houve quem lembrasse, numa referência à W-3 Sul, que existem propostas viáveis para aplicar na Avenida. Foi como se uma pulga picasse (e fizesse arder) a orelha de Rollemberg.
É que, proativos, os empresários sentenciaram e alfinetaram. Sintetizaram em uma frase o que pode vir pela frente: “Deixa com a gente (a solução dos problemas) para ver se não resolvemos em 100 dias, ou em menos tempo, porque aqui quem não trabalha perde o emprego, é demitido. É assim que funciona nas empresas”.
Karla Maranhão