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Rodrigo Rollemberg usa uma cara nova para tentar mudar a cara de um governo ruim

José Seabra

Rodrigo Rollemberg chegou ao fundo do poço. Desde que assumiu o Palácio do Buriti, sua imagem perante a sociedade caiu mais que preço de banana em fim de feira. Ou como manga que apodrece no pé e despenca na cabeça de desavisados. Agora, sentindo o peso do fracasso, RR tenta dar uma guinada. E espera vender à opinião pública a imagem de um governo que faz, embora o povo saiba que nada tem sido feito.

Inspirado em Abelardo Chacrinha Barbosa, Rollemberg juntou três cabeças pensantes para lhe socorrerem informal e profissionalmente. A ordem é comunicar para não se estrumbicar. Por fora, como consultores informais – mesmo que remunerados a peso de ouro por vias pouco republicanas – estão Lula Costa Pinto e Paulo Fona. Um passe de mágica permitiu juntar água e azeite. Para azeitar mais a máquina, ele foi buscar Luciano Suassuna, a quem decidiu confiar toda a estrutura de comunicação (publicidade e imprensa) do governo. Este, com direito a contra-cheque de secretário de Estado.

Tudo isso acontece, coincidentemente, no momento em que o Tribunal de Contas do Distrito Federal decide liberar o processo de licitação para novas agências de propaganda. A contratação foi suspensa há dois meses, para que supostos direcionamentos fossem corrigidos. A conta é gorda (algo em torno de 300 milhões de reais até 2018) e é disputada a tapa pelas maiores agências do País. Nesta quinta-feira, 19, ou no mais tardar na terça, 24, o conselheiro Michel vai liberar a papelada. E o triunvirato responsável pela imagem palaciana dará a palavra final sobre quem ficará com qual fatia.

No mercado publicitário, porém, ninguém acredita em jogadas mirabolantes porque não se vende o que não existe. E não se faz funcionar uma máquina onde falta o principal combustível do motor – cérebro.

Sem blefe – Que Lula, Fona e Suassuna são profissionais do mais alto quilate, ninguém questiona. O problema é que eles estão muito juntos, como se siameses fossem, para tocarem um projeto de tal envergadura em detrimento de um mercado que está de olho no que acontece por trás do palco. É ali, nos bastidores, que uma fábrika de negócios (com k mesmo, no melhor estilo moscovita) toma conta de tudo. E se um quarto nome, Zé que seja, entrar no circuito, é mão garantida no melhor estilo de um royal straight flush.

Mas, quem está de fora, não vê essa mudança atemporal na equipe de Rollemberg como um mero jogo de pôquer. E garantem que não usam do recurso do blefe para ganhar a qualquer custo. As agências preferem a lisura. E não aceitam cartas supostamente marcadas com logomarcas estilosas, linkadas ou que propaguem ideias pouco convincentes. Que Thiara Zavaglia, secretária-adjunta de Publicidade, é proba, ninguém duvida. Mas como se trata de um cargo-chave, e considerando que há interesses diversos em jogo, uma outra carta – no caso de demissão – pode facilmente ser tirada da manga.

Na bastante plausível hipótese de Thiara sair do jogo, só restará ao mercado torcer para que as mudanças preconizadas por Rollemberg tenham o crédito devido apenas a verdadeiros estadistas. Trata-se de uma mudança difícil, é verdade, mas quem quer fazer direito, faz. Principalmente quando tem o poder da caneta. Não importa, portanto, que o triunvirato (com  um Zé de carona) seja conhecido por ter feito isso ou aquilo. Currículo conta, mas conta mais ainda o desejo de fazer direito, respeitando regras previamente estabelecidas.

Se Hamilton e Mauro vieram correndo de Goiânia para empurrar Rollemberg em direção ao Buriti, não significa que eles tenham direito a vender a imagem de um governo fraco e degustar uma gorda fatia daqueles 300 milhões de reais. O mesmo vale para Edinho (não o Silva, ex-ministro), que tem link espalhado por várias capitais e sonhou ser a agência do Planalto até que o avião caiu em Santos. E já que se trata de triunvirato, o garoto que faz lembrar a revista criada por Jorge Schmidt no início do século passado, não pode continuar recebendo o dele por fora. Quanto ao caronista, se ele sair de cena será para ceder lugar a Ricardo, tio de Victor. Aí a calda vai estar pronta para adoçar as mais variadas bocas.

Olho aberto – Como o jogo para alavancar a imagem de Rollemberg é pesado e caro, tem muita gente de olho aberto. É sabido que não existe direcionamento em licitação de publicidade – e o caráter de Thiara é uma prova disso.

Contudo – adverte um dirigente de agência local – o que pode haver é o controle dos três membros que irão julgar a capacidade técnica das propostas, determinando, independente de o envelope ser apócrifo ou não, quais as agências que terão que ganhar por determinação expressa do governador. Se isso acontecer, ele deixará de ser visto como um presumível estadista.

Como também em publicidade nada se cria e tudo se copia, preferencialmente para melhor, basta que se passe o conceito da campanha para os membros da comissão encarregada de avaliar os trabalhos propostos. A esse trio caberá valorizar as notas técnicas. É tudo subjetivo.

Mais importante é saber que, independente do trabalho que ficou a cargo do conselheiro Michel, o processo pode ser impugnado por uma ou outra agência e voltar ao TCDF ou parar no Tribunal de Justiça. Por essas e outras tem quem sugira ao Ministério Público passar pelo Buriti na hora da abertura das propostas, com cara de quem não quer nada. Essa sim, seria uma jogada de mestre.

Para fechar – Suassuna pode ter o respaldo do mercado publicitário – o que vale bem mais que simplesmente passar a mão na cabeça de duas ou três agências.

Seu passado indica que as ingerências políticas servem como sugestão, jamais como imposição. E como ingerência costuma levar o carro para a frente dos bois, o ideal é seguir em linha reta para evitar atropelo, ou ser atropelado.

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