Panela de pressão
Rússia adverte que numa guerra nuclear, não haverá vencedores
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emA ONU está promovendo a Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, cujos participantes, na atual situação global extremamente tensa, estão discutindo uma estratégia para prevenir a guerra nuclear. Mas a ‘guerra híbrida’ desencadeada contra a Rússia está repleta de potencial para se transformar em um conflito entre potências nucleares, advertiu Igor Vishnevetsky, vice-diretor do Departamento de Não Proliferação e Controle de Armas do Ministério das Relações Exteriores russo.
“Uma campanha militar híbrida foi desencadeada contra a Rússia, que é forçada a defender seu direito legítimo de garantir seus interesses fundamentais de segurança; e isso pode levar a um conflito direto entre potências nucleares”, afirmou Vishnevetsky. Uma guerra nuclear, acentuou, nunca deve ser iniciada porque não haverá vencedores.
O diplomata enfatizou que Moscou defende “uma segurança igual e indivisível para todos os membros da comunidade global”. Ele pontuou que a situação no campo da estabilidade estratégica está se deteriorando rapidamente e a ‘atividade maliciosa’ da Otan causou uma crise no meio da Europa.
“Uma violação grosseira do princípio da segurança igual e indivisível como resultado da expansão nociva do bloco militar de países que reivindicam o domínio militar-estratégico e geopolítico indiviso provocou uma crise aguda no meio da Europa”. Washington, segundo o representante de Moscou. “desvalorizou os desenvolvimentos positivos nas negociações sobre estabilidade estratégica.
“A Rússia continua a cumprir suas obrigações sob o Tratado START de 2010. Por nossa iniciativa, em fevereiro de 2021, foi prorrogado por 5 anos e em julho de 2021, por acordo dos presidentes da Federação Russa e dos Estados Unidos, um amplo diálogo sobre [estabilidade estratégica] foi iniciado”, disse Vishnevetsky.
No entanto, acrescentou, “os desenvolvimentos positivos foram desvalorizados pela política dos EUA de ignorar as linhas vermelhas da Rússia no campo da segurança”. E acrescentou: “Washington usou nossa rejeição ao curso destrutivo como pretexto para congelar o diálogo estratégico”.
Reagindo às declarações de alguns países sobre a agressão russa contra a Ucrânia e a operação militar especial conduzida por Moscou, Vishnevetsky rejeitou todas as acusações de agressão infundada.
“Gostaríamos de rejeitar resolutamente todas as acusações contra nós de agressão não provocada contra a Ucrânia. O regime que agora governa em Kiev chegou ao poder como resultado de um golpe de estado e imediatamente começou a perseguição e depois um conflito armado contra a população de língua russa do Donbass”, disse Vishnevetsky.
Ele lembrou aos participantes da conferência que as autoridades de Kiev, tendo assinado os acordos de Minsk, nunca os cumpririam.
“A situação na Ucrânia atingiu seu limite, e as ações da Rússia se tornaram uma resposta forçada às atrocidades que aconteceram lá, e elas serão levadas ao seu fim lógico”, afirmou. Vishnevetsky prometeu dar uma resposta detalhada da Rússia às insinuações sobre supostas ameaças com armas nucleares e ações destinadas a minar a segurança nuclear na Ucrânia.
Além disso, o enviado russo à conferência, Alexander Trofimov, enfatizou que, dada a situação mencionada , a Rússia seguiu rigorosamente o memorando de Budapeste de 1994, que garantia a segurança da Ucrânia em troca de suas armas nucleares, e disse que as acusações contra a Rússia de intenções de usar armas nucleares são inescrupulosas.
“A Rússia cumpriu rigorosamente suas obrigações. Entre elas está a obrigação de não usar ou ameaçar usar armas nucleares. Está sendo realizado em relação à Ucrânia integralmente, inclusive nos últimos meses”, disse Trofimov.
Ele concluiu dizendo que nenhum dos cenários do possível uso de armas nucleares pela Rússia é aplicável à situação na Ucrânia. “As diretrizes doutrinárias russas sobre esta questão são bem conhecidas e extremamente claras. Hipoteticamente, permitimos uma resposta nuclear apenas em resposta à agressão usando armas de destruição em massa ou em resposta à agressão usando armas convencionais, quando a própria existência do Estado está ameaçada”, ressaltou.