A Rússia está ampliando suas forças terrestres ao longo da fronteira com a Ucrânia, disse o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, neste sábado. Falando em um evento militar ucraniano, Poroshenko disse que a Rússia implantou “mais de 80 mil tropas, 1.400 armas e múltiplos sistemas de lançamento de lançamento, 900 tanques, 2.300 veículos blindados de combate, 500 aeronaves e 300 helicópteros” ao longo da fronteira comum aos dois países. Os números não foram verificados.
As tensões entre a Rússia e a Ucrânia continuam a aumentar uma semana depois de um confronto naval no Mar Negro, em 25 de novembro, no qual a Rússia atirou contra três navios da marinha ucraniana e os capturou, juntamente com seus 24 tripulantes.
Líderes estrangeiros reunidos na Argentina para a cúpula do G20 questionaram o presidente russo, Vladimir Putin, sobre essas ações russas, mas ele permaneceu firme, culpando a Ucrânia pelo confronto, dizendo que os navios ucranianos violavam as águas territoriais russas. Ele não se pronunciou sobre as acusações da Ucrânia de um aumento da força militar na fronteira.
O confronto naval ocorreu quando os navios ucranianos passavam pelo estreito de Kerch, a única via navegável que leva ao Mar de Azov e local de uma nova ponte russa que liga a Crimeia ao continente russo.
A Rússia acusou os navios ucranianos de violar as águas territoriais russas, acusação que a Ucrânia nega. Autoridades ucranianas dizem que a Rússia impôs um bloqueio de fato em seus dois principais portos no Mar de Azov, ao permitir que apenas navios destinados a portos russos atravessem o estreito.
A chanceler alemã, Angela Merkel, criticou o movimento russo neste sábado, durante a cúpula do G-20 em Buenos Aires, depois de realizar uma reunião bilateral com Putin. De acordo com ela, o trânsito livre de navios pelo o mar de Azov para a costa ucraniana e seus portos deve ser assegurado pela Rússia.
Putin disse a repórteres ter contado aos líderes estrangeiros reunidos para a reunião do G20, na Argentina, “como a situação se desenrolou” e depois acusou o governo ucraniano de atiçar o conflito “para encobrir os fracassos da política econômica e social”.
Um acordo Rússia-Ucrânia de 2003 designa o Mar de Azov e o Estreito de Kerch como águas internas compartilhadas. Mas após a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, Moscou assumiu maior controle sobre a passagem.
“O Kremlin está testando ainda mais a força da ordem global”, disse Poroshenko neste sábado, alegando que Moscou está esperando para ver se a comunidade internacional permitirá à Rússia afirmar que o Mar de Azov e Mar Negro são águas territoriais russas.