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Rússia faz manobras militares e mostra que não teme Ocidente

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Mísseis balísticos disparados no enclave europeu de Kaliningrado, bombardeiros na Crimeia, soldados no Ártico: com a crise ucraniana como pano de fundo, o governo da Rússia realiza manobras militares de magnitude excepcional para se exibir ao Ocidente.

Esta demonstração de força ocorre há uma semana, e as tropas estão mobilizadas nos quatro cantos da Rússia.

Segundo vários analistas consultados pela AFP, tais manobras têm vários objetivos, alguns a curto prazo e outros de mais longo prazo. O primeiro é responder ao envio de três mil soldados dos Estados Unidos à região do Mar Báltico, no início do mês, e ao reforço do contingente da OTAN na fronteira oriental. Ali, desde fevereiro, foi criada uma nova força composta de cinco mil homens.

“Esta é uma demonstração das capacidades militares da Rússia, do reforço de suas forças militares”, afirmou o cientista político Nikolay Petrov.

Em Pskov, região fronteiriça da Rússia com a Estônia e a Letônia, várias unidades de para-quedistas fizeram treinamento durante a noite a fim de simular como seria assumir o controle de um território. Enquanto isso, sete mil quilômetros em direção ao leste, 500 soldados treinaram com o intuito de se prevenir de um ataque inimigo nas Ilhas Curilas, território reclamado pelo governo do Japão.

O disparo das baterias de mísseis Iskander, em Kaliningrado, foi o que causou mais preocupação na Europa.

Estes mísseis têm a capacidade “de alcançar metade das capitais europeias, podendo chegar até Berlim”, disse a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, que denunciou um caso de “demonstração de força e agressão”.

O governo polonês assinalou que a intenção da Rússia com as manobras militares foi fazer pressão antes da reunião de cúpula da União Europeia (UE), em Bruxelas. Na ocasião, os estadistas europeus decidiram prorrogar as sanções impostas à Rússia até o final do ano.

“O que me preocupa é saber que os russos podem, efetivamente, mobilizar 30 mil homens e mil tanques em um mesmo lugar, muito rapidamente. Foi muito impressionante”, disse nesta sexta-feira o general Ben Hodges, comandante das forças terrestres da OTAN.

Para o analista militar independente Pavel Felguenhauer, as manobras mostram que o Kremlin considera todos os cenários, inclusive a possibilidade de deterioração da crise na Ucrânia. Neste contexto, “interferências” militares dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais poderiam forçar o governo russo a se preparar para um confronto nuclear.

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