A Rússia acaba de anunciar que ampliará a cooperação econômica e militar com a Venezuela apesar das sanções impostas por países como os Estados Unidos. “Fechamos nosso caminho de trabalho futuro para aprofundar nossa cooperação econômica comercial de investimentos e em outras esferas apesar das sanções ilegítimas”, afirmou o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, após uma reunião com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas.
O objetivo do acordo de cooperação militar, de acordo com o chefe da diplomacia do Kremlin, é “aumentar a capacidade de defesa” dos venezuelanos “contra ameaças externas”.
A Rússia é um dos maiores aliados políticos e comerciais do chavismo. Desde a ascensão de Hugo Chávez ao poder, estima-se que os dois países assinaram 300 acordos de cooperação. Segundo a agência de notícias russa Interfax, os contratos no campo técnico-militar entre Rússia e Venezuela são de cerca de 11 bilhões de dólares.
A Venezuela possui ao menos 20 unidades do caça-bombardeiro russo Sukhoi Su-30, cujas características são similares aos dos F-15 Strike Eagle dos EUA, além de armamento antiaéreo e radares de tecnologia da Rússia.
Também está sendo construída na Venezuela uma fábrica de rifles AK-47, arma que já é usada pela Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).
Além do militar, entre os setores que devem receber mais investimentos, segundo o chanceler russo, estão energia, recursos naturais, indústria e agricultura. Todos os aspectos dessa nova cooperação serão estudados pela Comissão Intergovernamental de Alto Nível Rússia-Venezuela, prevista para ser realizada em maio, em Moscou.
Depois do encontro no Palácio de Miraflores, o chefe da diplomacia russa condenou “todo o tipo de chantagem”, uma referência às sanções impostas pelos EUA a funcionários do alto escalão do governo chavista.
“Somente o povo venezuelano tem o direito de decidir sobre o seu próprio futuro e o seu próprio destino, e a Rússia fará todos os possíveis para apoiar esse processo”, disse.
Lavrov disse contar com a presença de Maduro na capital russa no próximo dia 9 de maio, quando o país fará uma grande festa para comemorar os 75 anos da vitória na Segunda Guerra.
Antes de se reunir com Maduro, Lavrov participou numa reunião da Mesa de Diálogo entre o governo venezuelano e vários pequenos partidos que se afirmam opositores, mas cuja atuação é questionada pelas grandes organizações oposicionistas venezuelanas. “O nosso foco é que qualquer crise, inclusive na Venezuela, pode ser solucionada através de medidas políticas e diplomáticas com um diálogo inclusivo entre os venezuelanos”, frisou.
Lavrov chegou à Venezuela depois de passar por Cuba e pelo México, onde se reuniu com os seus homólogos Bruno Rodríguez e Marcelo Ebrard, respetivamente. O encontro com Maduro ocorreu dois dias após Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, ter sido recebido pelo presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca.
Os Estados Unidos estão entre os 50 países que reconheceram Guaidó desde janeiro de 2019, quando o então chefe do Parlamento se autoproclamou presidente da Venezuela.
A Venezuela, um país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo, atravessa há mais de cinco anos uma grave crise econômica, política e social. A oposição responsabiliza o regime pela contração da economia, alta inflação, escassez de medicamentos e alimentos, e pela diminuição na produção de petróleo, a principal fonte de rendimento do país.
Já o governo atribui a crise a uma “guerra econômica” e a sanções impostas pelos Estados Unidos, que afirma terem o apoio da oposição do país.