Milhares de tropas da Rússia foram enviadas para treinamento no sudoeste do país com o objetivo de testar sua capacidade de entrar em ação de imediato, em um momento de contínua tensão com o Ocidente. Segundo informou o vice-ministro de Defesa da Rússia, Anatoly Antonov, por meio de comunicado, cerca de 8,5 mil tropas, 900 armas terrestres, 200 aviões e 50 navios estão envolvidos no treinamento.
O ministro de Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, afirmou que as unidades militares foram colocadas em estado de alerta nesta segunda-feira, marcando o início do treinamento de soldados do distrito militar do Sul da Rússia. O distrito abrange tropas com base na Crimeia, península do Mar Negro que pertencia à Ucrânia e foi anexada pela Rússia em 2014, assim como forças do Norte do Cáucaso e regiões do sudoeste do país próximas à fronteira com a Ucrânia. O treinamento incluirá o reposicionamento de unidades da força aérea, envolverá a marinha do país e testará também a mobilidade das tropas, de acordo com Shoigu.
A iniciativa é a última de uma série destinada a fortalecer o exército do país e sua capacidade de entrar em ação de forma imediata. As atividades têm sido mantidas a despeito da recessão econômica que vigora no país. A queda nas cotações internacionais do petróleo contribuiu para a diminuição dos recursos do caixa russo e para conduzir a economia do país à recessão. Apesar disso, o Kremlin manteve os investimentos na área militar, financiando a compra de centenas de aeronaves, tanques e mísseis.
A Rússia tem demonstrado a recuperação de seu poderio militar durante a atuação da força aérea do país na Síria, que contribuiu para que o exército do presidente sírio Bashar al-Assad conquistasse diversas vitórias nas últimas semanas. O exército russo aproveitou a operação na Síria para testar em um combate real, pela primeira vez, novos tipos de armas, incluindo mísseis de longo alcance.
A operação aérea da Rússia na Síria estremeceu as relações russas com a Turquia que, em novembro, abateu um avião de guerra russo na fronteira com a Síria. Hoje pela manhã, após reunião com o primeiro ministro turco Ahmet Davutoglu, a chanceler alemã Angela Merkel declarou que estava “não apenas chocada, mas horrorizada” pelo sofrimento causado pelo bombardeio russo na Síria.
Merkel afirmou que a Alemanha e a Turquia vão pressionar a Organização das Nações Unidas para que todos os países sigam a resolução aprovada em dezembro, que apela a ambos os lados que detenham, de forma imediata, ataques sobre a população civil da Síria.