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S.O.S. Palestina. Israel prepara nova chacina de Sabra e Chatila

Estou lançando aqui um SOS – o Código Universal de Socorro. Não para mim, muito menos para Notibras. Ambos estamos muito bem das pernas, com saúde física e mental (do repórter) e financeira (da empresa) em ótimas condições.  O apelo é ao mundo civilizado (excluídos os norte-americanos e seus aliados da Otan). O objetivo é evitar que se repita na Faixa da Gaza, o massacre de Sabra e Chatila, patrocinado por Israel, quando 3 mil 500 palestinos e libaneses drusos, a grande maioria mulheres, crianças e idosos, foram assassinados no ‘campo de concentração’ montado no território do Líbano ocupado pelo Estado judeu.

A carnificina foi há quatro décadas, precisamente nos dias 19 e 20 de setembro de 1982. Esse crime, moralmente inaceitável, teve o aval dos líderes judeus Menachem Begin e Ariel Sharon. Nesse tempo eu era chefe de Redação do Jornal de Brasília. Assinei um artigo condenando o genocídio com meu nome de batismo libanês – Youssef Marmhute Sabra el-Awar.

A repercussão foi imediata. O então embaixador israelense no Brasil, descendente direto de figuras mitológicas como Moisés, Abrão e que tais, deixou sua suntuosa residência no Lote 38 da Avenida das Nações, e foi ao SIG, para pedir a Fernando Câmara, à época diretor das Organizações Jayme Câmara em Brasília, minha cabeça numa bandeja.

Sempre mantive com Fernando uma relação pautada por carinho, respeito e consideração. A recíproca é verdadeira. Se eu tinha, então, 30 anos de idade e 12 de jornalismo, Fernando estava na casa dos 40. Soube depois, por ele, da visita intempestiva do diplomata judeu ao jornal. E dele ouvi a resposta dada ao presunçoso representante do Estado hebraico no Brasil: Me chamo Fernando, e não Herodes; Você não é Salomé. E o Seabrinha não é João Batista.

Essa é uma história real, e não uma mera narrativa bíblica. Em linguagem figurativa, o JBr, ao negar minha cabeça numa bandeja, deixou claro que condenava o sangue de inocentes em Sabra e Chatila. Mas, o que foi essa matança? Vejamos abaixo.

Israel, que depois da II Guerra Mundial ganhou dos palestinos um pedaço de terra para chamar de seu, tem uma política expansionista de fazer inveja ao ex-governador Joaquim Roriz. Dia sim, outro também, cria um assentamento em terras alheias. E vai fincando Por do Sol, Sol Nascente, Samambaia, Riacho Fundo e Arniqueiras a dar literalmente com pau. Em 1982, as tropas hebraicas ocuparam o Líbano. Para ver o circo pegar fogo, Tel Aviv fez vista grossa às disputas políticas internas travadas em Beirute.

A milícia maronita comandada por Elie Hobeika, apoiada pelas forças invasoras, retaliou o assassinato do falangista Bachir Gemayel, presidente eleito. Sanguinário, Hobeika atribuiu a morte a quem estava justamente preso em um ‘campo de concentração’, com vigília permanente das tropas invasoras. O judas dos libaneses bateu na porta de Begin e Sharon e organizou o traiçoeiro ataque a Sabra e Chatila.

Esses campos, encravados na periferia sul de Beirute, estavam, repito, sob a guarda das forças armadas judaicas. A matança recebeu sinal verde. E a terra foi banhada com o sangue de refugiados civis palestinos e libaneses. As forças de ocupação participaram diretamente da ação cercando Sabra e Chatila, para que ninguém deixasse o local. Com as saídas bloqueadas, começou a carnificina. Teve início no final da tarde de sexta-feira e acabou ao meio dia de sábado.

Durante toda a noite e madrugada, os soldados judeus dispararam foguetes de iluminação para facilitar a mortandade. Era uma milícia de 150 homens contra os refugiados que sequer dispunham de faca para cortar a carne no almoço, porque lá não havia comida.

O ataque foi combinado com os judeus. Os refugiados precisavam ser exterminados porque ‘havia gente excedente’ em Sabra e Chatila. Ariel Sharon, que era ministro da Defesa, foi considerado culpado pela Corte Suprema de Israel. Nem por isso, porém, deixou de virar premiê. Passados três meses do ataque sanguinário, a Assembleia-Geral das Nações Unidas, reunida no dia 16 de dezembro, deu seu veredito e Israel foi condenado por genocídio. A votação foi incontestável: 123 votos a favor, 0 contra e 22 abstenções.

O genocídio em Sabra e Chatila provocou repúdio em todo o mundo. A opinião pública ficou chocada com o que fizeram a refugiados palestinos em uma área ocupada por Israel. A história registra que tudo que se cria, se copia. Gaza está cercada, sem acesso a água, comida, remédio e iluminação. Os palestinos precisam de socorro. E os judeus estão moralmente obrigados a devolver as terras que tomaram e voltar para o seu cantinho. O problema é saber se o Estado de Israel, e não o povo judeu, tem moral para alguma coisa.

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