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Linhas invisíveis

(Saiba) ‘que continuamos perenemente entrelaçados no tempo’

Publicado

Autor/Imagem:
Luzia Couto - Foto Francisco Filipino

Estávamos em todos os lugares,
Estávamos em todos os lugares,
mesmo que ninguém ousasse nos enxergar.
Éramos a brisa sussurrante de uma velha rua,
o eco tímido de uma canção esquecida,
o canto de um quadrado
que perdeu a memória de nossos nomes.

Éramos segredos costurados no tecido do mundo,
um suspiro oculto entre rostos apressados,
uma chama silenciosa, que não ardia na superfície,
mas consumia profundamente,
nas profundezas onde os amores eternos se abrigam
e os desejos murmuram sem gritar.

Habitamos suas noites,
quando você prometeu dormir,
e vivemos em minha insônia,
onde minha mente escrevia para você
em páginas invisíveis,
manuscritas com as estrelas.

Encontrávamo-nos em um livro aberto,
em um copo abandonado à metade,
na pausa entre duas palavras
que nunca tiveram coragem de nascer.

Caminhávamos juntos sem jamais nos tocarmos,
vivíamos lado a lado sem que as mãos se encontrassem,
e, ainda assim, existe um mapa do mundo
bordado com a geografia de nós dois.

Porque onde houve amor verdadeiro,
mesmo no sutil silêncio,
um vestígio permaneceu,
e onde houve desejo honesto,
um reflexo eterno habitou.

Estávamos em todos os lugares…
menos onde poderíamos permanecer.
E, ainda assim, na incompletude de nossas faltas,
nós continuamos a ser,
perenemente entrelaçados
nas linhas invisíveis do tempo.

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