O Pentágono iniciou formalmente o processo de retirada das tropas americanas da Síria no domingo, 23, informou um porta-voz do Pentágono a rede CNN. A ordem de saída dos dois mil soldados americanos foi assinada pelo secretário de Defesa James Mattis, ainda de acordo com a fonte, que não deu mais detalhes.
Donald Trump afirmou no Twitter que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, assegurou que vai erradicar qualquer combatente que houver sobrado do Estado Islâmico na Síria. “Ele é um homem que pode fazer isso. Além do mais, a Turquia está logo ao lado”, escreveu.
Mattis pediu demissão do governo na quinta-feira, 20. A renúncia do general aposentado surpreendeu Washington e ocorreu um dia depois de o presidente americano desafiar as recomendações do Pentágono e de seus conselheiros ao anunciar a retirada dos soldados americanos da Síria. Trump declarou “vitória sobre o Estado Islâmico”, apesar de o Pentágono e o Departamento de Estado dizerem que a luta contra o grupo na Síria não acabou.
A renúncia foi vista como um sinal do descontentamento com a decisão de Trump.
Mattis disse que deixaria o governo no dia 28 de fevereiro para dar tempo para que uma substituição fosse identificada e confirmada pelo Senado. Mas Trump, irritado com as críticas diretas feitas pelo secretário de Defesa em sua carta de demissão, decidiu retirá-lo do cargo no dia 1.º de janeiro, dois meses antes do planejado.
Na carta, Mattis tenfatizou que os EUA obtêm sua força de relações com os aliados e deveriam tratá-los com respeito. Ele disse também que o país também deve ser “claro sobre as ameaças, incluindo grupos como o Estado Islâmico”.
Mattis e os conselheiros de Segurança Nacional têm duas preocupações principais. Primeiro, há sinais de um paulatino ressurgimento do EI, um reagrupamento militar ordenado que, se não for sufocado, pode criar uma nova onda de conquistas territoriais. Nos últimos dois anos, o EI perdeu cerca de 90% do território que havia conquistado entre 2014 e 2015. Mas, segundo o Pentágono, o EI tem 30 mil soldados entre a Síria e o Iraque.
A segunda preocupação são os aliados americanos. A retirada seria uma traição aos curdos das Forças Democráticas da Síria, que tiveram papel fundamental na expulsão do EI de seus redutos no país. Sem a proteção americana, os curdos ficariam vulneráveis a ofensivas militares da Turquia, que os associa à guerrilha separatista curda turca do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).
Os curdos almejam criar um Estado próprio numa vasta extensão territorial que inclui partes da Síria, do Iraque, do Irã, da Turquia e da Armênia. Eles são organizados em diversos grupos e países.