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Saída de HD abriu as feridas que farão sangrar a política brasiliense

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No episódio da saída do jornalista Hélio Doyle da equipe do governador Rodrigo Rollemberg, Notibras publicou que o gesto do ex-chefe da Casa Civil não podia ser visto como o de um derrotado, mas de quem sai para evitar que o projeto político por ele desenhado seja abandonado. Em linhas gerais, o que se disse foi que HD não é fraco, embora seja forçoso admitir que a deputada Celina Leão, é forte.

Nesta quinta-feira, 11, Edson Sombra corrobora a mesma opinião em seu blog. A diferença é que aquele jornalista apontou direto para a ferida. A saída de Hélio Doyle do cargo que ocupava não cicatrizou feridas, diz Edson Sombra. Ao contrário. As chagas criadas pelo ‘toma lá dá cá’ ficaram mais abertas. E livre da reserva que o cargo lhe impunha, HD, como jornalista que é, está livre para falar e escrever a verdade.

Se você ainda não leu, veja o que Sombra escreveu:

Quem não conhece Hélio Doyle acredita piamente que sua exoneração do cargo de chefe da Casa Civil pode ser encarada como uma vitória política da presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), do senador Cristovam Buarque (PDT) e de muitos outros descontentes com a forma do jornalista de agir.

Em discurso ácido ao deixar o cargo, Doyle deixou bem claro que não estava sendo exonerado, mas sim fez a opção de sair, por não concordar com a velha prática política do “toma lá, dá cá”…Nesse caso, não seria preciso conhecer profundamente o profissional para entender esse recado.

Se nos aprofundarmos mais nesse argumento, e sabendo que Hélio Doyle é pragmático, um estrategista, inclusive responsável pela vitória do candidato Rollemberg nas últimas eleições, dá para imaginar o que virá por aí.

Como supersecretário, foi assim que o tacharam, por maldade e por falta de opção do governador em sua equipe, Hélio acabou acumulando importantes funções. Tentou ser articulador, era o responsável pela comunicação, da publicidade, sem poder gastar, e por todo o funcionamento da máquina nessa fase inicial. É claro que esse amontoado de responsabilidades acabou atrapalhando os planos de alguns que o rodeavam e que buscavam, de diversas formas, tirar proveito do poder.

Brigas escancaradas com a Câmara Legislativa, desgaste pessoal com integrantes da própria equipe do Rollemberg e rancor de alguns integrantes do PDT nacional começaram a ruir, não o status, mas a paciência do agora ex-chefe da Casa Civil. Deu no que deu.

Nesse ponto é que a análise precisa ser aprofundada. E só quem conhece o Hélio pode fazer. E eu o faço.

Um dos pontos que todo mundo sabe é que ele não depende desse cargo para viver. HD, como é conhecido pelos mais próximos, é um bem sucedido profissional, tanto no mercado quanto no mundo acadêmico, aposentado, e com bom trânsito em vários campos da política, local e nacional. Também não tem pretensões políticas, apesar de sempre gravitar em torno do poder. Se as tivesse, teria aceitado ser candidato a vice-governador na chapa de Rollemberg, com indicação do PSD. Não o foi.

A dedução que se faz, então, é que realmente Doyle estaria no governo justamente por acreditar no projeto. E nesse projeto, segundo ele, não caberia o “toma lá, dá cá”. Prática, aliás, que vem desgastando nos últimos anos os vários governos do Distrito Federal. No entanto, a forte pressão que se fez por parte de alguns políticos da Câmara Legislativa, com o pano de fundo de que existem “petistas no governo”, foi a gota d’água. Não para a derrocada de Doyle, mas para o que eu já chamo de início do contra-ataque.

O importante cargo que ele ocupava deixou de ser confortável e passou a pesar. Nenhum jornalista que se dá ao respeito aguenta calado ataques amadores e leviandades. Jornalista fala, tem isso dentro de si. E com Doyle não poderia ser diferente. Só que a sua posição no governo o impossibilitava de falar, principalmente pela função institucional e protocolar que ocupava.

Agora sem esse peso nas costas, Hélio poderá falar, escrever e reagir. De fora do governo, porém muito fortalecido com Rollemberg. Ou alguém acha que um coordenador de campanha de um vitorioso candidato simplesmente pede demissão, pega suas coisas, põe nas costas e vai para casa? O governador permitiria?

Não é questão apenas de mérito. Hélio deve saber de coisas e muiiiiitas coisas que talvez ninguém mais saiba. E isso já é o bastante para que ele permaneça numa confortável posição ao lado do governador. Só que agora, sem a necessidade do silêncio.

Acreditar que a saída de Doyle é a vitória de alguns, a meu ver, é uma visão medíocre. Dou alguns passos a frente e arrisco a dizer que é o início da derrocada de quem apostou na velha política.

Afinal de contas, quem conhece a lealdade de Hélio, sabe que intrigas e fofocas são desculpas muito rasas para quem criou ao longo de tanto tempo uma estratégia para eleger um governo diferente. Pode até ser que os erros aconteçam, como ele mesmo reconheceu, mas o grande acerto por si só foi ter peitado essa forma antiga de fazer política.

Nesse aspecto, e pelo que sei e acredito, preparem-se: a crise com a Câmara Legislativa está só no começo. E se realmente eu estiver correto, essa com certeza eu pago para ver.

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