Ministra dos Direitos Humanos
Salário dobrado de Luislinda dá ânsia geral de vômito
Publicado
emKleber Ferriche
Vontade de regurgitar. Arrghl! Milhões de brasileiros foram tomados por esse descontrole ao saber que a senhora Luislinda Valois exigiu dos cofres públicos o seu salário em dobro. Sem merecer.
O que aparentemente é um caso trivial, expõe as vísceras do que acontece na Esplanada dos Ministérios. A senhora Valois, uma desembargadora originária da Bahia, provavelmente por méritos, reencarnou em Brasília o papel de ministra, vejam só, dos Direitos Humanos.
Ainda que ela tenha sido literal em exigir os seus, antes de mostrar serviço, já disse ao que veio. Não estava contente com quase 38 mil reais de salário. E ainda: carro oficial de graça, motorista de graça, segurança de graça, jatinho de graça, cartão de crédito de graça, moradia em setor nobre de Brasília de graça, dinheiro extra pra gastar com suco de umbu nas suas viagens, também de graça.
Ela acha pouco! Arrghl.
A iniciativa privada remunera muito mais os profissionais executivos, que devem apresentar resultados positivos às suas corporações e acionistas diariamente. Mas nem essa obrigação a senhora Valois tem no seu cargo. Ao justificar a petição que apresentou ao Governo Federal, com a pretensão salarial adicional, afirmou que foi tomada pelo sentimento de uma escrava.
Esquidum, dum, esquidum, dum…
Depois, justificou a justificativa afirmando que havia utilizado uma analogia para esclarecer o seu profundo sofrimento financeiro. Mais: sem o indevido salário extra ela não tem como comer, beber e andar calçada.
Arrghl!
O caso é grave. Não menos que outros congêneres de tentativa de pilhar o erário. A lei não admite essas manobras.
Ficou claro que Luislinda nunca pretendeu ser uma referência na esfera para a qual foi designada. Mas agora será. A sua pasta, que deveria tratar da falta de direitos que recai sobre as minorias, inclusive afrodescendentes, perdeu uma grande oportunidade de esclarecer que utilidade tem. A base dos Direitos Humanos é o respeito às leis e à dignidade. Quem patrocina, entretanto, é o contribuinte.
Arrghl mais uma vez!
Tem remédio para isso: a demissão sumária. Não pode a senhora Valois gozar de tolerância se a sua índole, no caso, foi revelada nada correlata com a função que deveria exercer. É difícil acreditar que seus pares ofereçam solidariedade para uma excrescência dessa magnitude. Macula a luta centenária de milhares de brasileiros pela igualdade de oportunidades.
O que para muitos é motivo de piada, para outros pode vir a ser um prejuízo existencial e social sem precedentes. A máquina pública não suporta estruturas gigantes e inúteis. A brasileira, claro, que é o terreiro onde ocorrem as manifestações para possuir o alheio, além das almas.
Arrghl!
Quando surgem tentativas de privatização de instituições estatais que não exercem atividades-fins próprias de um governo, há uma gritaria geral, greves, pancadaria, blackblocs. Fere interesses de pequena parcela da população que é mantida pela maioria dos trabalhadores. Usinas, distribuidoras de energia elétrica e água, instituições financeiras e outros serviços que devem ser administrados pela iniciativa privada, são subsidiados pelo contribuinte.
Quando o Palácio do Planalto ameaça enxugar o número de ministérios, desativando aqueles que só servem para acalmar desafetos políticos, novamente surgem os protestos de meia dúzia de interessados. O Ministério dos Direitos Humanos é uma alegoria assim. Só produz manchetes que causam regurgitos intermináveis, quando deveria ser apenas uma secretaria ocupada por especialistas contentes com a remuneração em dia paga pelos comuns.
Muitas vezes a imprensa é responsabilizada por não interpretar corretamente as atitudes de governantes e de seus comandados. Acontece que, não raramente, na prática a teoria é a mesma. Muitos profissionais da comunicação, além de enjôos quando iniciam o texto sobre determinados assuntos, registram incontinência intestinal na entrada e na saída. Nada diferente do que costumamos testemunhar.
Arrghl!