Depois de terem saído bem na foto das eleições municipais na Região Metropolitana do Recife, as duas principais lideranças do bolsonarismo em Pernambuco estão em campos opostos, no primeiro grande racha da direita local, a ponto de ameaçar o futuro do PL no Estado.
Eles reelegeram o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Menezes, ficaram em segundo com o ex-ministro Gilson Machado na disputa pela Prefeitura do Recife e ainda fizeram uma bancada de cinco vereadores na capital, um deles Gilson Machado Filho, o segundo mais votado.
Mas numa disputa por uma proximidade junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-deputado federal Anderson Ferreira e o ex-ministro do Turismo passaram a atacar o desempenho de cada grupo no pleito municipal, com Ferreira acusando Machado de ser o pior candidato da direita nos últimos 30 anos.
Além de um lugar à mesa junto com Bolsonaro, as duas lideranças disputam também o controle dos recursos do PL em Pernambuco, dirigido por Anderson Ferreira e seu irmão, o deputado federal André Ferreira, e se acusam mutuamente de sabotagem do fundo eleitoral para suas candidaturas no último pleito municipal.
Partidários de Gilson Machado acusam os irmãos Ferreira, que controlam o Diretório Estadual do PL, de não terem liberado recursos para a campanha do vereador Gilson Machado Filho, enquanto repassaram para o vereador Fred Ferreira (cunhado de Anderson e André) R$ 1,7 milhão para despesas de sua campanha e apenas R$ 600 mil para os demais candidatos.
Na direção nacional da legenda os irmãos Ferreira têm como padrinho o presidente Waldemar da Costa Neto, enquanto Gilson Machado é tratado como um filho por Bolsonaro. Durante a campanha, o ex-presidente gravou vídeos e pediu votos somente para Gilson Machado e para seu filho, enquanto o presidente nacional do PL negava recursos para o candidato a prefeito do Recife.
Para financiar os candidatos a vereador e prefeito em Pernambuco, o partido enviou R$ 23 milhões, mais R$ 6 milhões somente para a campanha de Gilson Machado à Prefeitura do Recife. O ex-ministro disse, porém, que faltou dinheiro porque teve que repassar parte dos recursos que recebeu para as candidatas mulheres, e que o partido não lhe atendeu quando pediu reforço financeiro.
Sobre isso, o próprio Waldemar da Costa Neto, em entrevista ao Estadão, afirmou que não enviaria mais recursos para o Recife porque a eleição de Gilson Machado já estava perdida, enquanto Bolsonaro sustentava que seu ex-ministro iria para o segundo turno. “O dinheiro do partido não foi feito para torrar”, disse o presidente nacional do PL ao jornal paulista.
Por conta desses desentendimentos, Gilson Machado passou a controlar a agenda de Jair Bolsonaro quando o ex-presidente esteve no Recife, em Olinda (onde o candidato do PL ficou em terceiro lugar) e até mesmo em viagens pelo interior de Pernambuco, blindando qualquer contato dos irmãos Ferreira com o ex-presidente. Sem recursos, Machado fez da sua presença ao lado de Bolsonaro o seu capital político.