Sanguessugas vão tentar o impeachment de Rollemberg até perderem o próprio fôlego
Publicado
emJosé Seabra
Rodrigo Rollemberg ouviu de um interlocutor de estrita confiança, há coisa de três ou quatro meses, que um grupo político alicerçado por parte do PIB da capital da República, estava arquitetando um plano para tirá-lo do Palácio do Buriti. A estratégia incluía ataques diretos não à figura do governador, mas àquelas que lhe são mais caras – a família, em particular, e os amigos próximos.
O relato, que Rollemberg ouviu silencioso em um domingo ensolarado nos jardins de Águas Claras, antecipava supostas irregularidades nas áreas da Secretaria de Saúde e da Fazenda, além do Banco de Brasília. De imediato, e por mais que confiasse no interlocutor, o governador se fez de surdo. Não imaginava que chegassem a tanto.
Desde então, a artilharia começou a ser disparada. No âmbito da Fazenda e do BRB, os alvos passaram incólumes, porque nada foi comprovado. E no disse-me-disse, ficaram apenas mágoas. Mas, como nem Rollemberg, nem seus colaboradores próximos são de guardar rancores, os fatos pretéritos assim permaneceram. E sobre eles jogou-se uma pá de cal.
Entretanto, a tropa de choque oposicionista, que tem por meta afastar o governador forçando um processo de impeachment, revigorou-se e refez seus planos. Infiltrou-se nos corredores palacianos, ouviu o que não podia ou devia ser dito, e abasteceu o arsenal com petardos agora disparados pelas bocas de Marli Rodrigues, do SindSaúde, e de ex-ocupantes de cargos-chave na Secretaria de Saúde e na Casa Civil.
As denúncias que abalam as estruturas do Buriti são graves. Mesmo que se suponha terem partido de pessoas com interesses supostamente contrariados, as acusações merecem ser investigadas a fundo. O Ministério Público e o Legislativo estão fazendo a sua parte. Já no âmbito do Executivo, Eric Seba, diretor da Polícia Civil citado nas gravações, precisa, por exemplo, mostrar isenção. E determinar – se ainda não o fez – uma investigação rigorosa. E mandar ouvir, inclusive, quem trocou os gabinetes de secretarias por outras salas menos arejadas.
Na disputa política, sabe-se que o jogo é sujo. Se quem dá segurança armada não tem sua fatura paga, disfarça, deixa a pistola no coldre e abastece seringas com mercúrio, mais denso que o chumbo, mas menos pesado que o ouro que abastece essa campanha por meio de gordas garoupas.
Feito o estrago imediato – mesmo que passível de recuperação –, em cima da primeira-dama, outros parentes e amigos entrarão na mira. Só a título de ilustração, vale lembrar que é gente que teve o nome rascunhado no organograma de posse da CPI da Saúde. Trata-se, contudo, de um equívoco.
Vão fazer de alimentação parenteral fezes nauseabundas. Vão resgatar velhas gravações e imagens chamuscadas virão à tona. Vão tentar mostrar que o cenário é outro. Vão derrubar a palmeira de buriti e lá erguer paus de galinheiro sobre um chiqueiro. Enfim, vão tentar de tudo, tendo o impeachment como palavra de ordem.
A sorte de Rollemberg é que as soluções hipertônicas de glicose continuarão chegando a Brasília com cheiro de pequi, mesmo o governador sabendo que há preço bem mais em conta. Mas – ironia do destino – é de um parente. E com parente, governante sério não faz negócio, por mais lisura que haja, por questão de ética.