A São Paulo Fashion Week está de volta à sua casa, a Bienal de São Paulo. Depois de algumas temporadas em uma instalação meio improvisada no Parque Villa-Lobos, o retorno do evento para o prédio de Niemeyer assinala o início de um novo ciclo para a moda nacional. E o segundo dia de desfiles foi justamente de Ronaldo Fraga, o estilista mineiro que fez fama com seus bordados e seu trabalho artesanal cheios de brasilidade.
A apresentação começou ao som de Teresinha, de Chico Buarque, com um casal de modelos se despindo na passarela, enfeitada com camas. Na sequência, vieram looks com estampas florais em tons de vermelho e rosa, vestidos em malha metalizada bem-acabados, peças com sedas desfiadas, e jacquards e rendas desenvolvidos em fábricas do Paraná e de Santa Catarina. Saias finas de tule vestiam homens e mulheres em um clima de romance. “Em tempos de guerra, falar de amor é um ato de subversão e resistência. O amor dá pano para mangas, vestidos, ternos e para um guarda-roupa inteiro”, descreveu o estilista.
Se Ronaldo falou de amor, a Animale falou de sexo. Na passarela, o estilista da marca, Vitorino Campos, apresentou camisolas de veludo molhado, com botas de cano alto, vestidos transparentes e decotes profundos em looks sexy com influência dos anos 1960 e um quê dos 1990.
Já a coleção de Raquel Davidowicz, da Uma, foi a fundo na inspiração minimalista dos anos 1990 que, afinal, sempre foi sua praia. A silhueta é solta, confortável, com um jogo de proporções interessantes. Tops assimétricos, bermudas de alfaiataria sobrepostas por casacões de lã (é bom que faça frio!) deram o tom do desfile. O metal é outro ponto forte da coleção. Cobre, bronze, prata oxidada aparecem em calças justas, vestidos de couro com assimetria e mochilas de couro. Yudo muito cosmopolita. É roupa para mulher urbana que corre de um lado para o outro, sempre com pressa, sempre atrasada. O cabelo totalmente despenteado deu um ar enlouquecido às modelos. E, no fim, serviu como uma ótima metáfora.