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São Paulo se despede de Ceni, que quer suas cinzas jogadas no gramado do Morumbi

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Ciro Campos,e Felippe Scozzafave e Igor Ferraz
O agora aposentado Rogério Ceni fez um discurso no centro do gramado do Morumbi logo após se despedir do futebol na noite desta sexta-feira. O ex-goleiro do São Paulo se emocionou ao tomar o microfone para saudar a torcida e encerrou o pronunciamento com um pedido à família. Ceni quer, após a sua morte, ter o corpo cremado para que as cinzas sejam jogadas no estádio.
“Quero que minhas cinzas sejam jogadas aqui, para que eu sempre esteja no Morumbi”, disse o ídolo são-paulino. Junto com ele, também está aposentada pelo clube a camisa 01, utilizada pelo goleiro nas últimas temporadas. A camisa 1, porém, deve ser usada normalmente e tem como o favorito para vesti-la no próximo ano Denis, reserva no elenco desde 2009.
O jogo de despedida de Ceni reuniu no estádio os campeões mundiais pelo São Paulo em 1992 e 1993 diante dos vencedores da mesma competição em 2005. O ex-goleiro atuou os 30 primeiros minutos na sua posição e depois foi para a linha jogar o tempo restante. Sem estar com o futuro definido no ano que vem, ele fez um apelo: “Ano que vem, em quarta-feira de Libertadores, estaremos juntos aqui, mas agora em uma outra função, junto de vocês, torcedores, onde meu coração fica”.
No pronunciamento no centro do gramado o ex-goleiro precisou conter as lágrimas e até as vaias da torcida quando citou o nome de Danilo. O meia, campeão mundial em 2005 pelo São Paulo, recusou o convite para participar da festa por atualmente defender o rival, o Corinthians. “Danilo, independente de onde você esteja, o torcedor são-paulino é muito grato pelo que fez”, ressaltou.
Entre muitos agradecimentos aos ex-companheiros e à torcida, Ceni destacou a participação decisiva na carreira do técnico Telê Santana. “Muito obrigado por ter feito com que eu chegasse meia hora mais cedo aos treinos. Isso fez com que eu tivesse uma grande história no futebol”, disse o são-paulino em referência ao treinador da equipe no começo da década de 1990.
Casa cheia – Um Morumbi lotado por mais de 60 mil torcedores reverenciou, nesta sexta-feira à noite, Rogério Ceni, um dos maiores ídolos da história do São Paulo. Reverenciado, o craque tricolor colocou um ponto final em sua vitoriosa carreira com um clima de euforia e comunhão entre torcida e jogadores. O adeus do goleiro foi apoteótico, à altura da história construída pelo jogador.
Dos 25 anos vividos no São Paulo, o goleiro foi o remanescente de duas eras vitoriosas. E essas gerações se encontraram em campo nesta sexta no amistoso de despedida do goleiro. A equipe formada por campeões mundiais em 1992 e 1993 enfrentou o time de 2005, que teve Ceni. O agora aposentado jogador se revezou entre o gol e a linha.
Do começo ao fim a programação da festa seguiu à risca os detalhes de que Ceni tanto gosta. Antes do jogo, um show de rock No intervalo, outra apresentação. Dessa vez o ídolo são-paulino subiu ao palco para cantar e tocar guitarra em trechos de uma música do Ira!, uma de suas bandas preferidas. O grupo levou ao palco uma faixa com a frase “Fora, Cunha”, em referência ao presidente da Câmara dos Deputados.
O Morumbi foi ao delírio com a entrada dos jogadores em campo. As luzes apagadas e a apresentação um a um de cada participante causou uma euforia coletiva. Com bandeiras e sinalizadores liberados nas arquibancadas, o ambiente ganhou aspecto “retrô” e ares de jogo decisivo de Copa Libertadores.
“As pernas tremeram quando entrei em campo. A festa e a torcida estavam maravilhosas”, comentou Fabão, zagueiro do time campeão mundial em 2005.
Torcedores mais jovens viram pela primeira vez em ação nomes do passado como Zetti, Muller, Cafu e Raí. O mais festejado da noite foi um ídolo mais recente, o uruguaio Lugano. A torcida fez coro pela sua volta.
“Só o Rogério é capaz de juntar todo mundo. Ele merece a homenagem. O jogador se vai, mas a pessoa, a história e o respeito ficam”, disse o zagueiro.
De Telê a Muricy – O tom de saudosismo se estendeu ao banco e até à arbitragem. O filho de Telê Santana, Renê, formou par com o antigo auxiliar técnico Muricy, que comandou a equipe da década de 1990. Milton Cruz e Paulo Autuori chefiaram o time de 2005.
O apito ficou a cargo do mexicano Benito Archundia, que foi o árbitro da final entre São Paulo e Liverpool, há dez anos. Archundia anulou corretamente na ocasião três gols por impedimento e foi convidado por iniciativa do próprio Rogério.
Conhecido pelo jeito determinado, Ceni estava sorridente e descontraído. Brincou com Cafu quando levou um gol entre as pernas, correu no intervalo e acenou para os torcedores que viram o jogo de um setor especial. O clube posicionou à beira do gramado 131 assentos, o mesmo número de gols marcados pelo goleiro – até então.
Aos 29 da segunda etapa, Rogério marcou seu 132.º gol pelo São Paulo. De pênalti, bateu rasteiro, no canto esquerdo, sem chances para o goleiro Bosco.
O placar final pouco importou na noite. A euforia pela despedida de um goleiro símbolo de uma era no São Paulo fez a noite ser o momento mais feliz do clube em 2015.
O reencontro com o passado glorioso fica como incentivo para o São Paulo buscar uma correção em sua rota após um ano marcado por seguidos escândalos na política do clube e goleadas sofridas em clássicos.
Juvenal é homenageado – Apesar do dono da festa ser Rogério Ceni, outro grande homenageado da noite foi o ex-presidente Juvenal Juvêncio, falecido na última quarta-feira, aos 81 anos, vítima de um câncer de próstata.
Juvêncio, que comandou o clube por quatro gestões e é o segundo mandatário com mais títulos na história, foi agraciado com um minuto de silêncio. A cerimônia, porém, não aconteceu de maneira tradicional, antes do apito inicial. Quando a bola já tinha rolado e o time de 2005 já tinha feito dois gols, o jogo foi paralisado na marca de três minutos para realizar a homenagem. O que se viu no Morumbi foi um silêncio absoluto. Os torcedores mostraram muito respeito à memória do ex-dirigente.
O ex-presidente, aliás, era muito próximo de Rogério Ceni, que, em muitas oportunidades, utilizou uniformes na cor amarela, a mesma da chapa eleitoral de Juvêncio nas eleições do clube.
O agora ex-atleta também foi um dos que mais se emocionou no velório do ex-presidente, ao desmarcar, inclusive, uma confraternização de despedida com os funcionários do clube para se despedir do amigo.
Juvêncio foi lembrado também com citações nas placas de publicidade do estádio, que destacavam a trajetória do dirigente dentro do São Paulo. Antes do início da partida, Angelina Juvêncio, viúva do ex-presidente, foi a responsável por entregar a taça de tricampeão mundial para Rogério Ceni erguer.
No último mês, ela foi nomeada pelo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, aliado de Juvêncio, como diretora de assistência social do clube.
Outros ex-dirigentes do São Paulo também foram lembrados na noite de festa. Rochelle Siqueira Portugal Gouvêa, viúva de Marcelo Portugal Gouvêa, presidente do clube no título mundial de 2005, entregou a taça do Mundial de 1993 para Ronaldão, capitão do time na decisão contra o Milan.
José Eduardo Mesquita Pimenta, presidente mais vencedor da história do São Paulo, teve a honra de dar a taça do Mundial de 1992 para Raí, capitão e grande responsável pelo primeiro título mundial do clube, conquistado sobre o Barcelona.
Marco Aurélio Cunha, que já foi médico e diretor de futebol do São Paulo entre 2002 e 2010, entrou em campo junto com os vencedores do Mundial de Clubes em 2005.
estadao
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