Sarney tinha um astrólogo. E uma grande estrutura para divulgar seu governo
Publicado
emJosé Escarlate
Getúlio Bittencourt, assessor e profeta de Sarney – os gozadores diziam que José Sarney acabou na presidência da República ao ser eleito pelos micróbios do Hospital de Base de Brasília -, preparava horóscopos para ele – e o convenceu a promover café da manhã com jornalistas, em off e escolhidos a dedo –, Ruy Lopes, Castelinho, Flamarion Mossri e outros.
O horário só não era ingrato para o presidente, que acordava com as galinhas. Às 7 horas da matina, no Palácio da Alvorada. No cardápio, além de uma extensa agenda política, queijo de leite de cabra do Maranhão, manteiga e queijo de Minas, pão, café com leite e sucos diversos. Quem desejasse, ainda teria à disposição uma cumbuca de cristal com vitaminas variadas e coloridas.
Enquanto a conversa comia, era um gole de café e muitas perguntas, a maioria ficando sem uma resposta convincente. No começo, havia certa euforia, de parte a parte. Era a época dos fiscais do Sarney, da caça ao boi gordo nas fazendas de criação, trazendo o frango e a carne à mesa de cada um. Infelizmente voltou também a inflação obscena. Mas Sarney tinha a EBN, a Radiobrás, a Secaf, a Secretaria de Imprensa do Planalto e a TV Educativa para divulgar o seu governo.