A ocorrência de casos de dengue no inverno em centenas de municípios paulistas e a presença de larvas do mosquito Aedes aegypti mesmo no período mais frio do ano indicam que o Estado de São Paulo poderá viver uma nova epidemia da doença no próximo verão, com explosão do número de doentes três meses antes do período esperado.
Dados apresentados ontem pela Secretaria Estadual da Saúde mostram que mais de 200 das 645 cidades paulistas estão registrando transmissão do vírus durante o inverno. Outro levantamento, que mostra o índice de infestação de larvas do mosquito Aedes aegypti em imóveis de 373 municípios, revelou que sete cidades já estão em situação de risco por causa da presença do vetor e outras 86, em condição de alerta.
O quadro de infestação, feito com base em dados de julho deste ano, é similar ao observado no levantamento de outubro do ano passado, o que indica que a proliferação do mosquito está ocorrendo mesmo no período mais frio do ano.
“A elevação da infestação está se antecipando. Em um ano normal, a partir de janeiro ou fevereiro é que se inicia a elevação no número de casos. Com a infestação antecipada, temos o risco de o aumento de casos acontecer a partir de outubro, novembro”, disse Dalton Pereira da Fonseca Junior, superintendente da área de Controle de Endemias da secretaria.
Diante do quadro, a secretaria anunciou na quinta-feira, 3, que vai dobrar o número de agentes de combate à dengue, com a contratação temporária de 500 desses profissionais para atuar nos próximos três meses.
A pasta também realizou uma reunião com mais de 350 prefeitos de cidades paulistas para apresentar o cenário de transmissão e definir estratégias de combate, como medidas de eliminação dos criadouros e capacitação de profissionais.
“(No último verão) todo mundo fez o que podia fazer e claramente não foi suficiente. Temos de fazer mais e melhor. Em razão das mortes, vamos aprimorar muito a capacitação, a formação dos profissionais de saúde, desde a atenção básica até o setor de emergência”, afirmou o secretário da Saúde, David Uip. Neste ano, o Estado de São Paulo bateu o recorde do número de mortos pela doença, com 372 óbitos.