O presidente americano, Donald Trump, ameaçou barrar a aprovação do orçamento e congelar as atividades do governo federal no próximo semestre se o Congresso não aprovar mudanças radicais nas leis de imigração, incluindo destinar verba para a construção de um muro na fronteira com o México.
A ameaça não é nova, mas segundo reportagem do Washington Post, dessa vez Trump estaria seguindo orientações de aliados para que endureça seu discurso anti-imigração para mobilizar seus eleitores mais radicais na votação de novembro. Entenda: Discurso de Trump contra imigração ilegal estimula latinos a irem às urnas.
O presidente tem feito da imigração o tema central na campanha para as eleições de meio de mandato que renovarão a Câmara e um terço do Senado. Democratas lutam para retomar a maioria nas duas Casas.
“Eu estaria disposto a paralisar o governo se os democratas não nos derem votos para a Segurança da Fronteira, que inclui o Muro! Devem se livrar da Loteria, ser pegos e liberados, etc. e finalmente ir para o sistema de Imigração com base no mérito! Nós precisamos de grandes pessoas vindo ao nosso país!”, escreveu Trump no Twitter.
Ele advertiu ainda que cruzar a fronteira do país ilegalmente tem consequências, “seja com ou sem crianças”. “É preciso compreender que há consequências quando as pessoas cruzam nossas fronteiras, seja com ou sem crianças – e muitos estão simplesmente usando crianças para seus próprios propósitos sinistros”, acrescentou o presidente no Twitter.
A Casa Branca foi alvo de várias críticas desde que decidiu adotar em abril uma política de “tolerância zero” contra os imigrantes que entravam no país irregularmente pela fronteira com o México, uma medida que acabou sendo suspensa em meados de junho após várias críticas recebidas.
Diversos representantes do governo reconheceram que o propósito dessa política de “tolerância zero” era dissuadir outros imigrantes, diante da incapacidade de Trump de construir um muro fronteiriço com o México ou de endurecer as leis por não contar com apoio necessário no Congresso, apesar dos republicanos controlarem as duas Casas.
Em razão dessa política de “tolerância zero”, cerca de 3 mil menores foram separados de seus pais. No entanto, após uma ação movida pela União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), o juiz federal Dana Sabraw determinou que a norma era contrária à lei e ordenou que o governo reunificasse as famílias.
Na quinta-feira, terminou o prazo dado pelo juiz e, embora o governo tenha conseguido reunir 1.820 famílias, segundo números oficiais, ainda falta saber qual será o destino de 711 menores que permanecem sob custódia americana.