Afilhado político da família Sarney, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) atuou até o momento à sombra de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Alçado à vice-presidência da Casa por um acordo com o PP em troca de apoio para eleger Cunha presidente, Maranhão é visto pelos colegas como um político hesitante, fraco, sem capacidade de decisão e que se submete à pressão.
De perfil discreto e avesso a entrevistas, Maranhão só saiu do ostracismo ao conceder recursos a favor de Cunha. Suas decisões tumultuaram o andamento no Conselho de Ética do processo por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista. Com sua caneta, Maranhão destituiu o relator do caso, depois exigiu que o parecer prévio fosse votado mais uma vez para que os aliados de Cunha pudessem pedir vista.
Recentemente, restringiu o escopo da investigação. A única vez que Maranhão não seguiu o aliado foi na votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, quando fez um discurso reforçando sua fidelidade a Cunha, mas votou contra o afastamento.
O voto em apoio ao governo petista se deve ao fato de atualmente Maranhão ser próximo do governador de seu Estado, Flávio Dino (PC do B), e de ter esperança de disputar uma vaga no Senado.
O deputado começou sua carreira política sob as bênçãos da família Sarney. Em uma gestão criticada, foi reitor da Universidade Estadual do Maranhão e, mais tarde, secretário de Ciência e Tecnologia no governo Roseana Sarney (PMDB), de 2009 a 2010.
A ascensão de Maranhão não agrada a boa parte da Casa. Parlamentares dizem que sua fraqueza política tornará a Câmara ingovernável. “Ele será um Severino 2”, prevê um líder partidário, comparando Maranhão ao ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE).
Acusado em 2005 de cobrar propinas de empresários que administravam restaurantes na Casa, Severino renunciou ao mandato às vésperas da instauração de processo disciplinar no Conselho de Ética.
Maranhão também é alvo de inquérito no âmbito da Operação Lava Jato. Alberto Youssef, condenado por lavagem de dinheiro e acusado por outros crimes, relatou que Maranhão foi um dos políticos do PP que receberam dinheiro por meio de uma empresa usada pelo doleiro para distribuir propina oriunda de contratos da Petrobras.
O deputado do PP é ainda alvo de outros dois inquéritos que tramitam no STF, nos quais é acusado de crimes como lavagem de dinheiro e ocultação de bens.
Ele também traz no currículo outros questionamentos na Justiça Eleitoral e teve suas contas de campanha de 2010 para deputado rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA).
Médico veterinário de formação, Maranhão está no terceiro mandato consecutivo como deputado federal. Ele se filiou ao PP em 2007 e já foi filiado ao PDT, ao PSB e ao PTB.