O tema é passado, mas a ignorância e a cegueira estão cada vez mais presentes em determinados segmentos da sociedade. Então, vale a pena repetir que o pior cego é aquele que não quer ver. Já estamos nos 56 minutos da prorrogação da peleja entre o sujo e o mal lavado, vencida incontestavelmente por este último. O problema é o adversário estar morto, enterrado e comido pelas baratas, mas, mesmo assim, alguns de seus seguidores ainda acreditam na ressurreição antes da próxima eleição. Isto ficou claro no dia da Independência de 2023, cujas comemorações tiveram dois grupos bem distintos: um com o uniforme verde e amarelo desbotado pelo tempo, e outro com o verde e amarelo da alegria, da paz, da união, do futuro e da democracia acima de tudo.
Talvez não tenha sido a Festa no Apê, pois, por determinação das forças de segurança, faltou birita, armas, violência e gritos de guerra. Entretanto, em variados lugares do país houve churrasco ao ar livre, com serviço coletivo de picanha, linguiça e ovos fritos. Faltou a rabada que sobrava nos extintos acampamentos patrióticos dos camaradas golpistas. Aliás, dizem os entendidos que a turma que não aceita a derrota é ótima em rabada. Cada um se diverte como pode e deve. “Meus sentimentos estranhos da outra semana me parecem ridículos hoje…” A frase é do filósofo francês Jean-Paul Sartre e parece se aplicar clara e objetivamente sobre as carrancas daqueles que acham que o inferno são os outros.
Provavelmente esse povo não tenha sido sempre ridículo, mas virou provinciano, brega e quase jeca desde o abraço espalhafatoso e espampanante que deram no mais burlesco, cômico e caricato presidente que a República do Brasil já teve. Em outras palavras, ontem, hoje e sempre serão ridículos por concessão de apenas quatro anos. Por mais que se achem perfumados, acima do bem e do mal e de unhas feitas, não passam de pés sujos e olhos remelentos. Acostumados à cultura da violência, do golpe e da dominação, os abutres disseminadores do delirium tremens não aceitam a genialidade de uns, tampouco a alegria de outros com perfil mais próximo do balacobaco, do ziriguidum e do civilizatório.
Antes marcado pelo medo daqueles que passaram 1460 dias tentando se esconder da solidão e do ostracismo, o 7 de Setembro incomodou dentro e fora das quatro linhas. O que mais aborreceu os sujos é que o mal lavado apareceu em público limpo, muito bem acompanhado e devidamente festejado pela maioria dos brasileiros, ainda que boa parte deles não estivesse agitando bandeirolas como faziam os maluquetes das quentinhas de 1 real. Como dizia um velho sambista brasiliense, tem bobo pra tudo. A continência ao presidente e o pedido de permissão dos três tenores das Forças Armadas para o início do desfile da Independência foi a gota d’água no oceano de lágrimas da bolsonarada chorosa, enviuvada, carente e destemidamente determinada a segurar com as duas mãos a pistola carregada do “capetão”. Será?
Parafraseando um general temporariamente fantasiado de deputado federal, manda quem pode e obedece quem tem juízo. Simples assim. Os delirantes críticos da colônia despedaçada conseguiram esquecer que o gesto dos tenores foi dirigido a ninguém menos do que o comandante supremo dos militares e maestro da banda chamada Brasil. O amadorismo dos vassalos autodenominados patriotas zumbis e surtados ficou ainda mais evidente com a “descoberta” de agentes laranja infiltrados na plateia voluntariamente colorida do ressignificado traje verde e amarelo. Contadores frustrados supostamente empoleirados nas arquibancadas das grandes cidades do país, os baba ovos de imbrocháveis e mitos inelegíveis, participaram do desfile unicamente para comparar o público deste ano com anos anteriores.
Como é triste a falta do que fazer. Ou seria inveja? Quem sabe as duas coisas. Seja lá o que for e considerando que o choro é livre, o muro das lamentações esteve aberto para os que odeiam o sucesso alheio. O mais terrível é que tudo deu certo na festa armada para o povo por Luiz Inácio para comemorar o 201º. aniversário da Independência de Pedro I. Regida pelo maestro Lula lá, a banda Brasil engoliu a alma e o Bento que bento é o frade da retreta do tocador de bumbo furado Jair Pererê, alijado da vida pública em decorrência de uma inelegibilidade generalizada. Hoje sozinho, ele deve estar temeroso com a péssima companhia que escolheu. Aliás, uma das pérolas do pensamento sartriano é a liberdade de escolha. E Jair é a escolha de Bolsonaro. Como sei que, se depender somente dos raivosos bolsonaristas, vou direto para o inferno, já escolhi a frase que quero em minha lápide: Vem quente que eu estou fervendo.