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Segundona da política espera Bolsonaro em 2026

Amante inveterado do futebol, leio diariamente os principais blogs sobre o tema e, sempre que posso, assisto a programas esportivos. Recentemente, dei gargalhadas intermináveis lendo um simplório texto do jornalista Juca Kfoury. “Vitória não vence, Confiança lá embaixo e Brasil abaixo de todos”. Obviamente que a referência era a classificação da Série B do Campeonato Brasileiro, a qual, conforme o colunista, “reflete o desgoverno brasileiro”. Como todos devem saber, Vitória (BA), Confiança (SE) e Brasil de Pelotas (RS) são os três últimos colocados da Série B. Parece brincadeira, mas a analogia é séria. Longe dos acertos e bem próximo do fim, o período bosolítico deve ser o mais rápido das eras geológicas do planeta. Para esclarecer eventuais incautos, ao contrário da última live de Jair Bolsonaro, vacinados contra a Covid não desenvolvem a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids).

O tempo e nós passamos a esses absurdos. Entretanto, ninguém escapa às conjunturas que constituem a vida. Normalmente o impossível torna-se possível com a força de vontade do povo. Engana-se aquele que se imagina invencível, superior e que nunca provou do desconhecimento da fragilidade e da impermanência do conjunto que o constitui. Li recentemente que, em uma conversa informal, o presidente da República admitiu a possibilidade de indicar outro nome para sucedê-lo na contenda de outubro de 2022. Na mesma “reunião”, afirmou que descarta passar a faixa presidencial para Luiz Inácio, caso seja ele o vencedor. Nenhuma novidade, na medida em que a derrota parece iminente. Depois, perdoem-me o desrespeito à liturgia do cargo, mas não receber a faixa de Bolsonaro é irrelevante.

Portanto, se realmente existiram, as afirmações não soam mais como surpresas. Na verdade, parecem fake news vazadas deliberadamente dos gabinetes do Planalto. A razão talvez nunca saibamos. Notório é que, diante de tamanha rejeição a seu governo, o presidente da República faz tempo atira para todos os lados. O tiro da vez é o populista Auxílio Brasil, cujo montante deverá ultrapassar o teto de gastos. O novo arranjo de benefícios eleitoreiros terá um custo extra de aproximadamente R$ 51,1 bilhões no próximo ano. Somente este ano, o impacto deve beirar os R$ 7 bilhões. Pouco importa que esses valores sejam pagos por gerações futuras. No presente, importante é conseguir votos a qualquer preço. Fechar a conta é problema do Ernesto, do Oscar e, quem sabe, do Sunda, figuras que habitaram meu folclore de jovem desbocado.

Injustificável, o cenário é de preocupação para o mercado, para investidores e, principalmente, para o esgotamento financeiro dos contribuintes. Trata-se de uma última tentativa de lavagem da honra política. A montanha de votos de 2018 desmoronou, obrigando o presidente e equipe a extremos para tentar recuperar credibilidade. Não fosse o populismo exacerbado, qual seria o melhor caminho? Nenhum, pois, além do descrédito interno e externo, o discurso da honestidade está literalmente na lata do lixo. Também não há mais mote para insistir com a tese antidemocrática de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. O TSE acaba de prenunciar que tentar fraudar a inviolabilidade da urna eletrônica com informações falsas é abuso de poder, consequentemente passível de perda de mandato.

O presidente da República deve ser um dos próximos réus da Justiça Eleitoral. Caso se safe, tudo indica que o revés anunciado será confirmado em outubro de 2022. A menos que, como pregaram os bolsonaristas a respeito da urna, todos os institutos de pesquisa também sejam auditados pela turma do quanto pior melhor. Envolvido num emaranhado de suspeitas cabeludas, mas ainda carecidas de provas, o governo perdeu musculatura para brigar pelos votos conquistados à custa da desgraça de Luiz Inácio, principal eleitor do capitão em 2018. De acordo com a lei de causa e efeito, a tendência é que o feitiço vire contra o feiticeiro. Sem entrar no mérito sobre esse e aquele candidato, acho que já virou. O que o presidente e seus aliados não sabiam é que administrar uma nação é coisa séria. Não sabiam e não quiseram aprender nesses dois anos e nove meses de governo.

Embora surreal, poderiam ter usado as redes sociais para esse aprendizado. Entretanto, em vez de entrar em nossas casas e empresas pedindo informações sobre meios e formas de gerenciamento, preferiram espalhar fake news criminosas contra tudo e contra todos, inclusive e sobretudo contra a democracia e o bem-estar do povo. Como a falta de investimentos gera derrotas anunciadas, Jair Messias não investiu no capitão Bolsonaro e, perdendo em 2022, deverá voltar à Câmara dos Deputados em 2026, isto é, à série B dos políticos que se acham poderosos demais. Aliás, ele nunca deveria ter saído de lá. Ainda sobre o futebol, o Urubu, o Porco e o Leão do Pici terão de procurar novos habitats. Após 50 anos, o Galo mineiro já se apoderou do poleiro de 2021. Resta saber se os jogadores receberão a taça do presidente do clube, da CBF ou da República. Certamente dos três novos atleticanos desde menininhos.

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