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Ao Deus dará

Segurança na capital do País passa a ser caso de polícia

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Autor/Imagem:
Arimathéa Martins - Foto de Arquivo

Ao Deus dará é sinônimo de a esmo, ao acaso, sem planejamento, largado, em estado de penúria e, no popular, entregue à própria sorte. Pois é assim que o brasiliense de todos os cantos do Distrito Federal se sente, principalmente quando o tema em discussão é a segurança da população. Atualmente, a PM do DF é composta por 15 mil policiais no serviço ativo. Incluindo os cerca de 4 mil policiais e peritos civis, são quase 20 mil agentes supostamente à disposição do contribuinte local. Deste contingente estão excluídos o pessoal do Detran, cuja única função deve ser a elaboração e coordenação sistemática de blitz, principalmente nas saídas das quadras onde há grande concentração de bares e restaurantes.

Particularmente sobre a PM, a quem cabe o policiamento ostensivo, o problema é encontrar seus representantes nas ruas com a disposição de atender quem os paga o salário. Normalmente é mais fácil achá-los tricotando dentro das viaturas ou sob as árvores, de onde esperam motoristas incautos e eventualmente infratores para multá-los. Esta tarefa é cumprida dentro do maior rigor. O bloco de apontamento das multas está sempre à mão dos “vigilantes” homens da lei. Até parece que eles têm participação nos lucros da indústria de multas historicamente criada pelo GDF.

Desnecessário estar repetindo que, apesar da ausência quase absoluta em determinadas regiões da cidade, nossos omissos agentes da lei são nababesca e regiamente bem pagos. São os melhores salários do Brasil para um dos piores e, agora, mais perversos serviços do país. E não adianta reclamar com o papa, com o bispo, tampouco com o governador. O ouvido de mercador das autoridades só está atento no período pré-eleitoral, ocasião em que a promessa de garantir segurança sempre ultrapassa os decibéis permitidos pela Justiça Eleitoral.

Infelizmente, as queixas diárias são esquecidas nas gavetas dos principais colaboradores do governador e do secretário de Segurança. É o que todos imaginam que ocorre, pois não há resposta alguma para as reclamações. Exímia na divulgação de notas pífias e desconexas, a tropa da PM do DF é tão ausente como seus comandantes. Hoje, por exemplo, na página de Opinião do Correio Brazilense, pelo menos três leitores reclamam da falta de policiamento em Brasília. Um deles afirma que, após um giro pelo centro e pelas diversas regiões da capital no fim de semana, não viu qualquer viatura da PM, do DER e do Detran. Ou seja, a segurança do DF é caso de polícia.

“É praticamente impossível deparar-se com policiais em viaturas, a cavalo ou de bicicleta”. Um outro cidadão se diz saudoso das duplas chamadas de Cosme e Damião da época de Joaquim Roriz. “Ao menos passavam a sensação de segurança”. O terceiro sugere aos deputados federais e distritais que circulem pela cidade e, se tiverem tempo, que deem uma chegada à Rodoviária do Plano Piloto. “As autoridades vão ficar de queixo caído, pois é zero policiamento e muito tráfico de drogas e outras coisas mais…”. O resultado da inércia e da ausência do governante e de seus colaboradores é que, enquanto o GDF não atua, a bandidagem age. E nós, os pagadores de impostos, permanecemos presos e excluídos da pauta de ações do nobre governador.

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