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Com licença, Casimiro

Sem bananeira ou laranjeira, revivo os 8 anos brincando com Malulinha

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Irene Araújo

Nos últimos tempos, tenho revivido momentos da longínqua infância que deixei nas areias de Copacabana, nas visitas aos meus padrinhos, que, ainda hoje, moram no Méier. E quantas e quantas vezes esfolei o dedão do pé ou ralei os joelhos jogando bola na rua. Lembro-me brincando no tapete da sala da minha avó, um tapete que jurava ser persa, mas que certamente fora comprado em uma feira ou na Mesbla. A razão de tantas lembranças é a Malulinha, minha caçula, cujo sorriso, cada vez com mais dentes, me convida para brincadeiras.

Apesar de tocar violão, sempre fui músico sofrível. Não sei se por displicência ou falta de tato com o instrumento. Entretanto, tenho pensado em praticar, ainda mais porque a Malulinha parece que leva jeito para coisa. Tanto é que, assim que começo a entonar ‘Não deixe o samba morrer’, minha filha pega logo o pandeiro e me acompanha. Incrível é que ela faz isso com apenas um ano, como se saída da bateria do Salgueiro, escola de samba de quase toda a família.

Quanto à habilidade de desenhista, creio que até me saio bem. Todavia, não é algo que me atraia e, por isso, quase sempre a deixei de lado. Bem, isso até há pouco, pois a Malulinha sempre me entrega um giz de cera e balbucia do seu jeito próprio.

— Hum! Hum! Hum!

E lá vou eu desenhar um cachorro ou uma figura geométrica qualquer. No entanto, quando desenho um rosto de gente, a Malulinha logo o reconhece como sendo da minha amada Dona Irene.

— Mamã! Mamã!

Não sei se você já brincou de “Dedo mindinho, seu vizinho, maior de todos…”, que invariavelmente termina com o boi subindo o morro até a axila da pessoa. Pois é, a Malulinha, mal acorda, já estica a mão em minha direção, enquanto me convida com aquele seu jeito peculiar.

— Hum! Hum! Hum!

Ah, como gostaria de sentir cócegas! Se bem que tenho conseguido disfarçar, o que provoca gargalhadas deliciosas na Malulinha. E ela não se contenta com uma, duas ou cinco repetições. Sem problema, mesmo porque parece que eu me divirto ainda mais, como se fosse ainda aquele menino brincando, seja nas areias de Copacabana, seja na casa dos meus padrinhos, seja esfolando o dedão do pé ou ralando os joelhos na rua ou, então, no tapete quase persa da minha avó. Que saudade! E que bom que estou revivendo tudo isso com a minha garotinha.

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Eduardo Martínez é autor do livro 57 Contos e Crônicas por um Autor Muito Velho’

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