Isabela Vieira
O Hospital Universitário Pedro Ernesto, ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro funciona de maneira parcial nos últimos dias, por causa de atrasos nos repasses de verbas. Estão suspensas internações e cirurgias não emergenciais. O atendimento marcado funciona normalmente. O hospital, inaugurado há 60 anos, sofre uma das maiores crises de sua história, reflexo dos problemas financeiros do estado.
A crise afeta principalmente o pagamento de funcionários terceirizados responsáveis pela limpeza e pela segurança. Eles estão com salários atrasados há mais de 2 meses e sem receber a segunda parcela do décimo terceiro. Trabalhando em escala reduzida, prejudicam a rotina.
O presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, disse que a direção cogitou cancelar as cirurgias de pessoas internadas, mas desistiu da ideia. “O governo resolveu uma situação, mas não o quadro geral. O hospital não vive só com médicos e enfermeiros. A mão de obra terceirizada é tão importante quanto”, criticou.
Ele denunciou o roubo de dois aparelhos de colonoscopia de alto custo, na noite de ontem (25), por falta de vigilantes no hospital. A administração não confirma.
Além dos problemas de infraestrutura, o Pedro Ernesto sofre com a interrupção de serviços na lavanderia, falta de insumos e com a greve dos alunos residentes de várias áreas, como medicina, nutrição e serviço social. Eles estão com o pagamento atrasado desde o último dia 21.
O governador do estado do Rio, Luiz Fernando Pezão, disse hoje (26) que estuda transferir a gestão do hospital, hoje com a universidade, para a Secretaria Estadual de Saúde. “Com a racionalização de custos na saúde, quero fazer uma parceria para ajudar o Pedro Ernesto a sair da crise”, afirmou, sem dar detalhes.
Terceirizados
A intermitência no pagamento dos terceirizados tem afetado a saúde desses profissionais. Com salários de R$ 990, eles relatam que estão com contas atrasadas, ameaçados de despejo e ainda contam com ajuda de vizinhos e parentes para alimentar a família. A tensão gerada por essa situação é apontada como a principal causa do infarto de uma terceirizada da limpeza, semana passada. Cleide da Costa Barreiros, de 62, teve um infarto e morreu.
“Minha mãe não sabia mais o que fazer para pagar as contas, estava sofrendo muito, com pressão alta, todo mundo sabia”, disse Michelle Barreiros Costa, auxiliar administrativa. Ela conta que a empresa terceirizada, a Construir, não liberou o pagamento completo da mãe e só regularizou parte do salário para que a família fizesse o enterro de Cleide. “Tive que chegar lá [na sede] e dizer que não tinha dinheiro nem para isso”. A Construir não respondeu à reportagem.
Agência Brasil