O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, está demissionário. Um dos seus últimos atos deverá ser a promoção de uma reunião informal com os colegas da Esplanada, para que todos coloquem os cargos à disposição da presidente Dilma Rousseff. As informações são do jornalista Leonardo Mota Neto, na edição virtual da sua Carta Polis.
O principal argumento de Cardozo para jogar a toalha é o enfrentamento diário com a Polícia Federal, que não para de se insurgir contra as orientações do governo. Outra pedra no sapato do ministro é o crime organizado. A tudo isso, ele alia mais um problema: não dispõe de verbas, congeladas para a formação do superávit primário, para tocar suas ações.
Antes de entregar a carta de demissão, em caráter irrevogável, Cardozo poderá prestar um último serviço à presidente. Caberá a ele conduzir a negociação para que os demais colegas de ministério coloquem espontaneamente seus cargos à disposição. Dilma terá facilitada, assim, a reorganização de seu governo para os próximos quatro anos.
Essa, aliás, é uma praxe de presidentes que se reelegem, e que se sentem constrangidos para exonerar ministros. Um auxiliar de predominância sobre os demais promove então os entendimentos. O ministro da Justiça, no caso, como o primeiro na liturgia republicana, toma a iniciativa.
Há, contudo, um outro porém: dentro do estilo centralista da presidente Dilma, essas negociações podem ser dispensadas. Dispensando os serviços de Cardozo ela pode, sem papas na língua, ir anunciando as mudanças.
A Carta Polis observa, contudo, que Dilma tem mudado bastante suas atitudes e no discurso de vitória aludiu a si mesmo como possuidora de duas novas características: “serena e madura”.
Deste modo, pode seguir um novo roteiro, mais político, mais conciliador, colocando pesos e contrapesos em cada movimento, dialogando ao máximo, e não mais atuando com voluntarismo ou gestos bruscos, diz Leonardo Mota Neto.