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Sem projetos para os EUA, Donald Trump acabará odiado por Deus e o mundo

Acostumado a ser bajulado pelos sem brio, sem personalidade e sem utilidade alguma para o planeta, o imperador Donald Trump anunciou ao mundo que vai retirar temporariamente a ajuda militar e abandonar a Ucrânia à sanha expansionista e odiosa de Vladimir Putin. Tudo porque o presidente ucraniano, o baixinho corajoso Volodymyr Zelensky, o peitou pública e severamente e não pediu desculpas. Acho que nem pedirá. Na linguagem mais escorreita, Zelensky cagou para Tio Sam. Na prática, ele cometeu um pecado mortal ao mostrar ao deus supremo dos que não cheiram e nem fedem que ninguém é imortal.

Por sua coragem, Zelensky foi castigado sob os aplausos daqueles que passarão pela Terra sem nada produzir de útil. Fora os de sempre, alguém imaginava algo diferente para quem demonstra ausência total de senso coletivo. O sentimento público, solidário e social seria demais. Caráter e comprometimento democrático nem pensar. Por isso, nada que venha dele surpreende o mundo, os mandatários, o povo e até as paredes. Para não ser injusto, o alto risco de sua conduta maquiavélica, personalista, antipática e reacionária não desagrada a todos.

Os de sempre amam sua forma de ser, seu jeito de odiar e, principalmente, sua cara de azedume. Não à toa, sua excelência globalizada acabará odiada por duas “pessoas” no planeta: Deus e o mundo. Parece que o ódio começou a se espalhar desde a posse.. Exceção, é claro, para os de sempre. Os de sempre são aqueles que não toleram o contraditório, o embate, o sucesso alheio e, sobretudo, os brasileiros ganhadores de Oscar. A exemplo dos “nossos” com o Palácio do Planalto, Donald Trump achou que tinha assumido o comando do mundo e não apenas a Casa Branca. Depois de Zelensky e de uma série de derrotas internas, parece que está caindo na real.

Como já ocorreu no Brasil com aquele que se achava mito, é bom alguém informar a Trump que para atingir o sétimo céu é necessário subir degrau por degrau. E não adianta mudar de fila, achando que a outra é sempre mais rápida. Não há nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio para se pensar. Pensar não é o forte de Tio Sam, mas é bom que ele adicione à sua lista de coisas de futuro que, como já ocorreu no Brasil, a casa dele é de vidro e um dia também cai. Aliás, começou a cair com a série de derrotas impostas pelo Judiciário local.

Um mês e meio após tomar posse da cadeira política mais poderosa do planeta, Donald Trump ainda não apresentou nenhum projeto ou proposta de impacto. No entanto, impactou ao tentar, em vão, incorporar o Canadá e a Groenlândia aos EUA, além de retomar o Canal do Panamá e “assumir” a Faixa de Gaza. Pelo menos até agora, tudo que fez foi para mostrar poder, poder e poder. Baniu como porcos milhares de imigrantes, extinguiu programas de combate às mudanças climáticas, impôs tarifas alfandegárias escorchantes à China, ao Canadá, México e ao aço do Brasil e congelou ajudas humanitárias para aliviar a pobreza, tratar doenças e responder à fome e às catástrofes naturais nos países menos favorecidos.

O bate-boca acalorado no Salão Oval da Casa Branca com Volodymyr Zelensky serviu de freio para os ecos de totalitarismo de Trump, isto é, para seu projeto de domínio absoluto. Muito mais poderosos, articulados e inteligentes, Gêngis Khan, Alexandre, o Grande, Adolf Hitler e Napoleão Bonaparte, entre outros menos votados, tentaram e deram com os burros n’água. Para sorte do mundo, Trump tem como assessor para assuntos uterinos o rei do besteirol artificial. Ao lado de Elon Musk, o líder republicano talvez consiga liderar com folga os de sempre: os “patriotas” e os seguidores da tese do quanto pior, melhor. Quanto às desculpas de Zelensky, sugiro a Trump pedir emprestado o banquinho do apresentador Raul Gil. Esperar sentado é menos cansativo.

P/s – O homem de Kiev, aconselhado por colegas europeus, decidiu, no baixar das cortinas carnavalescas, dialogar sobre a paz com a Rússia. Mas sem pedir desculpas a Trump.

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*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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