Maio de 2014, a euforia da Copa do mundo crescia em todo o País. O atraso nas obras não assustava porque ao final tudo daria certo, como, aos trancos e barrancos, acabou dando.
As vendas de carros e de imóveis cresciam, com filas no “Minha casa, Minha vida”. A Petrobras dava orgulho a todos os brasileiros, com a produção aumentando e a descoberta da camada do pré-sal.
Neste maio de 2014, “lava jato” era o nome dado aos postos de gasolina que limpavam seu carro rapidamente.
Os índices de aprovação da Presidente Dilma estavam bastante elevados.
Alguns jornalistas econômicos de oposição torciam o nariz para os bons índices de desenvolvimento do País, que diminuíam a possibilidade de eleição dos candidatos da oposição.
Quando as eleições se aproximaram, o centro e a direita do Brasil se uniram e apostaram num candidato de direita que quase saiu vitorioso.
Passadas as eleições, os brasileiros começaram a conhecer todas as dificuldades econômicas que o País iria viver.
O Brasil estava saindo do céu para o inferno diretamente.
Um erro, porque o País ainda está no purgatório. Mas, na percepção da população de um modo geral, estamos vivendo uma crise profunda. O que não é uma plena verdade.
Os economistas de televisão, anunciam números possíveis de inflação de 9%, como se isso fosse uma catástrofe. Não olham para a Argentina e para a Venezuela, com índices de inflação próximos a 100%, como era no Brasil de 25 anos passados.
Junto a isso, assume o Ministro da Economia, Joaquim Levy com a determinação clara de que, para o Brasil voltar a crescer, necessita fazer uma contenção e reduzir muito os investimentos no País.
E o Poder Legislativo decidiu, através dos Presidentes da Câmara e do Senado, ganhar o seu lugar nos holofotes da mídia.
Para assustar ainda mais os brasileiros, chega a Operação Lava Jato, que mostra como a Petrobras, que tanto nos orgulhava, foi uma grande vítima, durante anos,
de diretores e políticos que, através da propina, apropriaram-se de milhões de dólares.
Pronto. Todos estes ingredientes somados levaram o País direto para o inferno na cabeça dos brasileiros. E é aí que está o grande erro.
O Brasil não vive uma profunda crise. Apresentadores de televisão anunciam quedas do trimestre de 2015 em relação a 2014 de 3% nas vendas de determinado produto, como se fosse o caos.
Não estamos vivendo esta crise desesperadora que insistem em anunciar. As pessoas continuam consumindo. E uma grande parte dos anunciantes, assustada, foge da mídia.
E a televisão, com sua enorme penetração, que tem o poder de reforçar o problema que temos na economia, vê os seus intervalos de publicidade com “calhaus” (este é o termo que usamos em comunicação para nos referir àqueles comerciais de peças de teatro, de discos que estão sendo utilizados ou, até mesmo, chamadas de utilidade pública. Eles estão ali para completar os três minutos do intervalo de toda a rede da televisão).
É numa hora como esta que o anunciante não pode se esconder, desaparecer do consumidor. E as agências não podem sumir dos clientes porque, mesmo sem recursos, ele precisa das suas ideias para promover sua marca e seus produtos.
Este é o momento em que o anunciante, de qualquer porte, pode se perguntar: esta agência está comigo ou “estava” com o dinheiro que eu investia em publicidade?
Agnelo Pacheco