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Sem saber o que diz, capitão sangra e ataca até quem morreu

O pote até aqui de mágoas do presidente da República encheu, transbordou e, ao que parece, o transformou definitivamente em um poço de leviandades. É o momento de nos colocarmos de joelhos para lembrarmos o vigésimo-terceiro capítulo do Evangelho de Lucas no Novo Testamento: “Pai, perdoa-o, pois ele não sabe mais o que faz ou diz”? Nunca! Pregar tal coisa seria uma blasfêmia, uma desconsideração ou insulto com Aquele que é considerado digno de respeito ou reverência. Se acreditamos em dias mais alvissareiros e sem tanta baboseira, melhor reagirmos com o que temos de mais forte em nossas consciências e mãos, sob pena de sermos taxados de Judas pelas próximas gerações. O voto é nossa principal arma contra o Exército de Brancaleone do capitão e seu pangaré.

É fato que o país vive um momento conturbado, principalmente após o mito de porcelana ser informado pelas pesquisas populares que seu desempenho é pífio. Pior foi saber que já tem muitos torcedores nas ruas, avenidas e nas redes soiciais pedindo sua saída. A situação beira o insustentável. Nem mesmo seu vice lhe passa mais a bola. No entanto, as forças do bem e da paz seguem bancando sua permanência. Ele não percebe, mas a verdade é que não interessa a ninguém sua forçada demissão. Melhor deixá-lo sangrar. Por isso, independentemente da agitação dos movimentos populares e sociais, poucos continuarão trabalhando para tirar o medalhão do Planalto. O mundo e o Brasil sabem que, na república do faz de conta, o líder está finalmente atordoado.

Suas últimas tacadas têm como alvo a coitada e seguríssima urna eletrônica. Todavia, não acerta uma. E nessa empreitada contra uma obra séria e acabada, comete erros primários, às vezes bisonhos, como afirmar que houve fraude em uma eleição da qual saiu vitorioso. Desde que o mundo é mundo, cobramos recontagem ou denunciamos falcatruas quando perdemos. Não foi o caso em 2018, mas certamente será em 2022. Daí a manutenção da chata ladainha agostina (já foi junina e julina) da auditagem do voto. Além de uma nota só, o som do samba descompensado que vem dos gabinetes ensimesmados do Planalto lembra o personagem do Samba do Crioulo Doido, canção satírica composta em 1966 pelo escritor e jornalista Sérgio Porto, sob o pseudônimo Stanislaw Ponte Preta.

Idealizada para ironizar a obrigatoriedade imposta às agremiações de retratarem em seus sambas de enredo somente fatos históricos, a expressão do título até hoje é usada no Brasil para se referir a coisas sem sentido, a textos e discursos mirabolantes e sem nexo. Na música, o sujeito inventa uma nova história nacional, transformando Dona Leopoldina em trem e D. Pedro em uma estação ferroviária. Hoje, a ideia é transformar o STF e o TSE em quintais do Planalto. Portanto, não devemos olvidar que qualquer coincidência com nossa atualidade é mera semelhança. Ops! Também inverti a ordem. Essa linda história nasceu da imaginação do imortal Stanislaw e, queiramos ou não, passará de geração a geração. Quero dizer que a obra de ontem é emocionante e jamais a esqueceremos. Quanto a de hoje, melhor nem lembrarmos que um dia existiu.

Para nossa sorte, tudo na vida tem dois lados, um positivo e outro negativo, um bom e outro ruim, um claro e outro escuro. Ambos estão à disposição. A escolha é exclusivamente nossa. Parece que as recorrentes ameaças finalmente despertaram povo e representantes de segmentos populares. Consciente de que precisa encorajar o pessoal que vive do voto a apoiar as medidas do TSE contra o presidente, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) demorou, mas entendeu que, caso Deus desça à terra e dê a Bolsonaro o poder de melar as próximas eleições, todos estarão sem mandato a partir de 1º. de fevereiro de 2023, inclusive ele, o novo profeta do caos. A menos que venha o golpe.

Como se fosse fácil, o projeto de país sonhado pela família é de um governo populista e autoritário, com apoio de setores extremados, neles incluídos profissionais e empresários da mesma linhagem. Aos inimigos, a ironia e as pedras da turba ensandecida e desprovida de robustez de caráter. As instituições que não podem ser domesticadas são consideradas inimigas, tornando-se alvo de pedidos de fechamento por parte de seguidores fanáticos do presidente ou de ataques desapropriados e desumanos do próprio, que faz tempo não sabe o que diz. Tanto que, a pretexto de assanhar os sonhadores apoiadores, vocifera que jamais aceitará intimidações. Meu Deus! Logo ele que vive de intimidar as pessoas, as autoridades, as instituições.

Parece brincadeira, mas esse é o lado positivo do mito. Entrega seu negativismo, sua desumanidade e, sobretudo, sua inveja em qualquer esquina, principalmente na encruzilhada formada pela avenida do Palácio do Planalto, a Praça dos Três Poderes, os caminhos críticos da pandemia e as ruas do país lotadas de eleitores ávidos por mudanças. Esquecendo que a luta política cria adversários e nunca inimigos, de maneira chula e covarde, zombou e desprezou da memória de Mário Covas Neto, ex-prefeito eleito de São Paulo, recentemente falecido. Fez pouco caso de quem não pode mais se defender. Triste e assustadoramente, mostrou não ter empatia ou respeito sequer com os mortos. Então, de forma bem didática, como acreditar ou aceitar como presidente um cidadão sem civilidade ou apreço pelo semelhante ou pela Constituição que jurou respeitar.

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