As proporções gigantescas que emergem no jogo de cena política do “nós contra eles” descambaram para uma absurda vivência de todos contra todos nesse pardieiro em que transformaram o cenário, onde a sobrevivência de uns e de outros depende de promover o descrédito das instituições com insultos gratuitos – e sem provas; e também com a promoção desmedida da violência entre as pessoas que divergem em opiniões sobre gosto ou preferência ideológica pessoal.
Diante desses absurdos, nossa única saída é nos precaver. É colocar a política de volta onde ela deve estar – ou seja, no parlamento.
Pessoas (e políticos) que usam estratégias para a materialização da intolerância de ideias e opiniões políticas que permeia o Brasil atual, nos mostram da pior forma possível, como é viver na barbárie. Essas pessoas sabem o que funciona e o que não funciona. Seu trabalho é nos persuadir e nos manipular para tirar vantagens próprias, porque sua sobrevivência depende disso.
Uma instituição pública, empresa ou comunidade não existe sem as pessoas que a compõem – e pessoas pavimentam ou são usadas para pavimentar o caminho para o poder, seja político, econômico ou religioso.
Longe das teorias políticas, filosóficas e religiosas de qualquer tempo, percebemos nas atitudes de líderes, nos governos, nas religiões e em outros relacionamentos humanos que a realidade aponta modos de agir muitos distintos das belas teorias (e discursos) da ética, da moral e dos bons costumes. O mundo, de fato, é contraposto àquilo que deveria ser – não fosse assim, viveríamos num mundo sem corrupção, sem injustiça e sem violência.
Nesse paraíso – se assim fosse – os governos seriam para o povo e os políticos sempre cumpririam suas promessas. As empresas colocariam o interesse pelos clientes sempre à frente do interesse pessoal e do lucro. O cidadão comum jamais agiria com falsidade, egoísmo, brutalidade e deslealdade.
Entender as estratégias que muitas pessoas usam para manipular seu caminho para chegar ao poder e para manter-se nele, requer defesa e precaução contra maus políticos como esses que estão – à custa alheia – se mantendo ou buscando o poder.
Abrir os olhos para a realidade como ela é, e acima de tudo, sobre as pessoas que galgam o poder escalando o ódio na política é o começo de qualquer transformação humana.
Sem perder a fé, a esperança e respeitando as pessoas, poderemos construir um mundo melhor e possível com um Estado de bem-estar social de todos e para todos.
É preciso que saibamos separar o verdadeiro líder do manipulador corrupto, sem sentido e sem propósito, porque só assim o ódio político será contido. Pois, quanto maior for nossa compreensão do que é, e o local que ela (a política) pertença, menos fracasso, frustações e desapontamentos teremos.
Nunca esqueçamos – principalmente na hora do voto – que o poder e a liderança que levam ao sucesso e à riqueza sempre são consequência da habilidade de preencher um vazio, de suprir uma demanda que existe nas pessoas ou no universo. Nunca, jamais será a disseminação do ódio ou a pregação do colapso das instituições públicas que nos impõem, e sim a preservação do respeito entre nós. Essa é a esperança de um mundo melhor para todos.
*Professor, filósofo e observador do cenário político desde 1985