Gustavo Porto
Cerca de 1.000 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTST) ocuparam na manhã deste sábado uma fazenda do governo de São Paulo em Ribeirão Preto, no interior do Estado. A fazenda é um dos 16 institutos de pesquisa paulistas cujas áreas o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pretende vender.
Cerca de 25 cientistas e funcionários que residem na fazenda foram surpreendidos com a ocupação, que foi feita de forma pacífica. A fazenda, que tem um total de 40 funcionários, pertence ao Polo Regional Centro Leste, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Trata-se de um dos institutos de pesquisa mais ecléticos do Estado. Em uma área de 270 hectares, engolida pelo avanço urbano do município paulista, são desenvolvidas pesquisas de vários setores. Entre elas está uma parceria do centro com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) para o desenvolvimento de um leite biofortificado a ser consumido por humanos, cuja pesquisa se baseia apenas na melhora da alimentação bovina.
O Polo Regional Centro Leste presta, ainda, assistência técnica a pequenos produtores e é referência em citricultura, pois é sede do único laboratório paulista para exames em plantas com cancro, uma das principais doenças dos pomares.
Segundo o projeto de lei 328/2016, encaminhado por Alckmin à Assembleia Legislativa e que prevê a venda das áreas de pesquisa, a fazenda está entre as que são “inservíveis ou de pouca serventia” para o governo do Estado. A tramitação do projeto de lei está parada na Assembleia Legislativa por conta de uma liminar emitida pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Segundo a Polícia Militar de Ribeirão Preto, há uma negociação com os sem-terra para que eles deixem a área, localizada às margens de uma rodovia que dá acesso à cidade do interior paulista. A assessoria de comunicação do governo do Estado de São Paulo informou que, caso as famílias não deixem o local, haverá um pedido de reintegração de posse na Justiça.