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Memória

Sem trocar acusações, Coreias lembram guerra de 68 anos atrás

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Pedro Nascimento, Edição

As duas Coreias lembraram nesta segunda-feira o 68° aniversário do início da guerra entre ambas com um pedido de trabalho pela paz e, no caso de Pyongyang, sem fazer uso do habitual tom beligerante do regime contra o sul e os EUA.

“Acredito que a paz e a prosperidade são a melhor recompensa para aqueles deste e outros países que lutaram na guerra”, disse hoje o primeiro-ministro sul-coreano, Lee Nak-yon, em um evento realizado em Seul.

“(O Executivo) trabalhará diretamente para estabelecer a paz e uma prosperidade conjunta na península coreana com fé e paciência e apesar de qualquer obstáculo”, acrescentou em declarações divulgadas pela agência “Yonhap”.

As suas palavras destacam o momento vivido na região, especialmente desde a cúpula realizada em abril pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente sulista, Moon Jae-in, e na qual ambos países acordaram melhorar os laços e trabalhar para estabelecer a paz e a “total desnuclearização” da península.

A reunião cimentou o caminho para o encontro em 12 de junho em Singapura entre Kim e o presidente dos EUA, Donald Trump, e o compromisso adotado pelos dois países para abrir uma nova fase de relações e para que o regime abandone seu programa nuclear se Washington garantir sua sobrevivência.

Por sua vez, os veículos de imprensa norte-coreanos lembraram hoje o início do conflito, mas evitaram fazer referências diretas ou insultantes à Coreia do Sul ou aos EUA – dois países com quem o regime de Pyongyang tecnicamente ainda se mantém em guerra – como é habitual.

O “Rodong Sinmun”, principal jornal norte-coreano, citou simplesmente o “inimigo” nos artigos que hoje honram a memória dos mortos e não usou os tradicionais “marionetes do Sul” ou “bastardos ianques” para fazer referência aos Estados Unidos e à Coreia do Sul.

A guerra da Coreia começou em 25 de junho de 1950 quando tropas norte-coreanas comandadas por Kim Il-sung, avô do atual líder, cruzaram o paralelo 38 para invadir território sul-coreano.

Após a entrada na guerra do comando das Nações Unidas liderado por Washington e do chamado “exército de voluntários” chinês para apoiar Seul e Pyongyang respectivamente, o conflito se prolongou durante mais de três anos e acredita-se que deixou mais de 2,5 milhões de civis mortos de ambos lados da fronteira.

Em 27 de julho será celebrado o 65º aniversário da assinatura do cessar-fogo que pôs fim ao conflito e, em relação à atual aproximação, espera-se que possa ser anunciada a futura assinatura de um documento que estabeleça a paz entre os países participantes desta guerra.

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